São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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EDUCAÇÃO

Paralisação por mais professores completa hoje 71 dias na FFLCH; estudantes protestaram durante desfile do 9 de Julho

Alunos da USP serão recebidos por Alckmin

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um protesto realizado durante o desfile comemorativo do 9 de Julho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aceitou receber pessoalmente os alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da USP), em greve há 71 dias pela contratação de mais professores.
Uma audiência foi marcada para hoje à tarde no Palácio dos Bandeirantes. Os estudantes enviarão uma comissão de seis representantes (um de cada curso da FFLCH e mais um da pós-graduação), mas prometem uma mobilização maior do lado de fora da sede do governo paulista.
Para os grevistas, o encontro marcado com o governador foi uma grande vitória política e abre uma nova frente de negociação. Antes de falar diretamente com os estudantes, entretanto, Alckmin disse aos jornalistas que os problemas da unidade e da USP são de "ordem interna" e que não caberia ao governo interferir.
Os alunos da FFLCH querem 259 novos professores, o que diminuiria, na avaliação deles, a superlotação das salas de aula de alguns cursos. Segundo a diretoria da unidade, a relação entre o números de estudantes e de professores é hoje de 35,2 para 1, quando a média da USP é de 14 para 1.
Na semana passada, os grevistas rejeitaram a mais recente proposta da universidade. A oferta era de 91 novos docentes, sendo 45 neste ano e mais 46 até 2004.
"A atitude dele [Alckmin" foi democrática, o que é bom porque as negociações com a reitoria, acho, estão saturadas", afirmou Antônio David, estudante de filosofia que participou da comissão tripartite e um dos que serão recebidos hoje pelo governador.
"Ei, governador, cadê meu professor?" e "USP na rua, Alckmin a culpa é sua" foram dois dos gritos de guerra usados pelos cerca de 50 estudantes que passaram pelo menos meia hora ontem em frente à tribuna de onde as autoridades assistiam à parada militar, na avenida Pedro Álvares Cabral.
Os manifestantes não paravam de gritar a cada intervalo na passagem do desfile. Um grupo mais exaltado entoou: "Alckmin, ladrão, cadê a verba da educação".
"O protesto está equivocado porque a universidade conquistou autonomia", afirmou Alckmin, depois do fim do desfile. "É natural que eles se manifestem, mas a manifestação precisa ser feita junto à universidade e não junto ao governo", disse.
Como os manifestantes não paravam de gritar e queriam entregar uma carta ao governador, Alckmin decidiu, cercado por seguranças, conversar com eles e finalmente marcou a audiência.



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