São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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Cursos sequenciais crescem 269% no país em 2 anos

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Criados como uma alternativa de curta duração aos cursos de nível superior, os cursos sequenciais apresentaram um forte crescimento nos últimos dois anos.
De acordo com dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação), houve um aumento de 269% na oferta dessa modalidade no país. Em 2000, eram 178. Hoje já são 656.
Os cursos sequenciais foram criados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996. Eles têm carga horária e duração menor do que cursos de graduação tradicionais (em média dois anos) e não habilitam quem o completa a seguir a carreira acadêmica, fazendo mestrado ou doutorado.
O modelo, inspirado em experiências de países como a França, tem o objetivo de preparar quem tem diploma de nível médio para o mercado ou complementar a formação de quem fez graduação.
Apesar do crescimento, a quantidade de cursos sequenciais no Brasil é pequena se comparada aos cursos de graduação: 22.828. Segundo o Censo do Ensino Superior, a oferta desses cursos está concentrada na iniciativa privada: apenas 29% dos sequenciais são de instituições públicas.
A expansão dessa modalidade de curso em universidades públicas tem enfrentado resistência da comunidade acadêmica. Em São Paulo, o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) apresentou no ano passado uma proposta de criação de mais de 90 mil vagas em cursos sequenciais. As associações de docentes e boa parte dos professores foram contra.
Para o vice-presidente da Adusp (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo), Otaviano Helene, a proposta dos cursos sequenciais não se adapta às necessidades brasileiras. "Nos países desenvolvidos, esses cursos fazem sentido porque o ensino superior tradicional está quase universalizado. Não é o caso brasileiro", diz.
O presidente do Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), Paulo Alcântara Gomes, discorda de Helene. Para ele, os sequenciais não substituem os cursos de graduação, mas podem ser mais eficientes em setores que mudam muito rapidamente, como serviços (em áreas como hotelaria e turismo) e indústria.



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