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Brasil investe em pesquisa de vacina anti-HIV
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
O Brasil não quer mais ser apenas um cumpridor de protocolos dos países desenvolvidos quando se trata de vacina para Aids. Depois de montar infra-estrutura de laboratório e preparar equipes para participar em testes que envolvem vários países, com produto que vem de fora, o país quer
agora criar sua própria vacina.
Um pacote de medidas nesse sentido vem sendo amarrado e anunciado na 14ª Conferência Internacional de Aids, que acontece em Barcelona. A partir deste ano, US$ 2 milhões anuais serão investidos exclusivamente em vacinas.
O produto da VaxGen, que pode ser a primeira a chegar ao mercado, em cinco anos, tem custo estimado de US$ 300 milhões. Calcula-se que US$ 450 milhões anuais
sejam gastos em pesquisa para a vacina, quase nada perto dos cerca de US$ 700 bilhões de gastos com pesquisas globais em saúde.
No Brasil, é a primeira vez que a pesquisa para Aids recebe uma
verba específica. Segundo o Ministério da Saúde, o dinheiro já
começou a ser utilizado.
Em outra frente, o governo assina hoje em Barcelona um acordo
com a IAVI, sigla em inglês para
"iniciativa internacional para a
vacina da Aids" -uma ONG internacional criada para pressionar por uma vacina da Aids e reunir fundos para pesquisas.
O acordo com a IAVI não prevê
dinheiro, mas cooperação técnica
e uma exposição internacional do
trabalho brasileiro, que, espera-se, deve atrair financiamento de
grandes fundações e parcerias.
"A escolha do Brasil é estratégica, porque o país tem hoje uma
política em Aids consistente e
com força internacional", disse
Alexandre Menezes, assessor da
IAVI. Segundo técnicos, o Brasil
tem uma rede de laboratórios preparada e adquiriu experiência
única em vacinação em massa.
Para amarrar as várias iniciativas, deve ser realizado já nos próximos meses o que seria o primeiro grande encontro nacional de
vacina para a Aids. "Um cadastro
de todos os pesquisadores brasileiros que podem participar [do
projeto" da vacina contra a Aids já
foi realizado", disse o imunologista Luis Brígido, assessor da coordenação nacional de Aids.
A idéia é conclamar a comunidade científica, especialmente
quem já trabalha com vacinas, para que direcione suas atenções para a Aids.
Candidata
No Recife, pesquisadores da
Universidade Federal de Pernambuco já submeteram à Comissão
Nacional de Ética o que pode vir a
ser a primeira vacina brasileira. Se
aprovada, começa a ser testada
com um grupo de voluntários.
O empenho brasileiro pode valer muito pelo desenvolvimento
tecnológico que isso permite. Para os especialistas, no entanto,
uma vacina com eficácia acima de
50% ainda está longe. A vacina da
VaxGen, a única em fase final, exige seis doses e não se sabe ainda se
atingirá 30% de eficácia.
Aureliano Biancarelli viajou a convite do
laboratório Abbott
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