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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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CÂMARA MUNICIPAL

Pela 4ª vez, proposta incluirá redução dos gastos de cada gabinete, que hoje chegam a ultrapassar R$ 100 mil

Reforma tenta cortar verba de vereadores

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A reforma administrativa em discussão na Câmara Municipal planeja, mais uma vez, cortar a verba dos gabinetes dos vereadores. Há casos em que os gastos superam R$ 100 mil mensais, apesar de o limite oficial ter caído de R$ 93 mil para R$ 81 mil em 2001.
O relator do projeto da reforma, Cláudio Fonseca (PC do B), explica que os gabinetes de vereadores mais antigos têm mais gastos porque os funcionários incorporam gratificações. Na Câmara, quando um empregado recebe alguma bonificação extra por cinco anos ou mais, ela é incluída de maneira definitiva no salário.
Fonseca afirma que "vai haver redução significativa da verba de gabinete dos vereadores" com a diminuição do limite de gastos, além da inclusão das incorporações nesse total. A Folha apurou que o limite deverá ficar próximo de R$ 65 mil mensais para cada um dos 55 vereadores. O número máximo de assessores por gabinete deve continuar em 18.
De acordo com o vereador do PC do B, a economia de gastos, se for concretizada, ficará entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,5 milhão -valor suficiente, por exemplo, para pagar por mais de um ano a locação de carros novos que a Câmara paulistana define hoje.
A presidente da Associação dos Funcionários da Câmara, Vera Nice Rodrigues Ribeiro, afirma que uma lei aprovada neste ano limita a cinco os funcionários com incorporação por gabinete. Porém, esse limite não se aplica nos casos em que o vereador tiver mais do que cinco funcionários antigos com incorporação.
Ribeiro acusa Fonseca de excluir a associação de funcionários das negociações. Segundo ela, deveria existir um "canal mais aberto" de discussão com os servidores da Câmara Municipal.
O projeto de reforma planeja também dinamizar a estrutura de funcionamento do Legislativo municipal. A previsão é que o número de departamentos caia de cem para algo entre 60 e 70. A proposta deve ser enviada ao plenário após o fim do recesso, em agosto.
A atual discussão sobre uma reforma administrativa na Câmara Municipal, a quarta desde o início da década de 1990, enfrenta resistências dos funcionários -que temem demissões e a perda de benefícios- e dos vereadores.
Na mais recente tentativa, no ano passado, o ex-presidente da Câmara José Eduardo Cardozo encomendou um estudo à FGV (Fundação Getúlio Vargas) sobre os altos salários, mas não obteve o apoio total nem de seu próprio partido, o PT, para reduzir gastos.
Como a mostrar a dificuldade de reduzir gastos na Câmara, nem um acordo feito em maio deste ano para o corte de cargos da Mesa Diretora foi seguido.
Apesar da decisão de fechar 15 postos, nem todos os sete integrantes da Mesa cumpriram a determinação. Ao todo, a Casa tem 2.000 funcionários.
Também em maio, um projeto cortou a gratificação de R$ 12 mil a assessores jurídicos.



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