São Paulo, sábado, 10 de julho de 2004

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INTERIOR DE SP

Médico que deu diagnóstico de morte da recém-nascida poderá ser indiciado; mãe continuava internada ontem

Morre bebê que quase foi enterrado vivo

ADRIANA MATIUZO
AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

A recém-nascida Renata Teixeira Moreira, que quase foi enterrada viva em Patrocínio Paulista (SP) anteontem, acabou morrendo cerca de oito horas após ser internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Franca por problemas respiratórios. Por um erro de diagnóstico, a menina, que nasceu prematura de seis meses e pesava 485 gramas, permaneceu dez horas em um caixão fechado antes de uma tia perceber que ela respirava.
A polícia havia informado que o bebê pesava 400 gramas, mas o médico Cleber Rebelo Novelino, que assinou o atestado de óbito, informou que o peso correto era de 485 gramas.
O corpo do bebê foi enterrado ontem no Cemitério Municipal de Patrocínio Paulista, ao lado do túmulo onde está seu irmão gêmeo, Renato Teixeira Moreira, que morreu na quarta-feira.
Não houve velório. O enterro ocorreu às 12h30 de ontem, com a participação de familiares emocionados e de moradores de Patrocínio. A mãe da criança, Lourdes da Silva Teixeira Moreira, 38, continuou internada ontem. Segundo seu marido, o administrador de fazendas Antonio Joaquim Moreira, ela deve ter alta hoje.
A Folha esteve no quarto da mãe ontem na Santa Casa. Lourdes, que fez tratamento para engravidar e já tinha perdido um bebê há um ano, desconhecia o fato de sua filha ter sobrevivido por algumas horas depois de ter sido diagnosticada como morta. "Não vejo a hora de sair daqui", disse.
O médico Novelino poderá ser indiciado por homicídio culposo. Ele disse outro médico diagnosticou a morte e que a equipe toda ficou abatida e não soube explicar o que ocorreu, já que bebê não tinha sinal vital. A Santa Casa disse que comentará o caso na segunda.
Na opinião da pediatra Lúcia Bueno, do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que não comentou o caso da recém-nascida de Patrocínio, uma criança que nasce prematura e com baixo peso e fica sem cuidados médicos dificilmente poderia sobreviver.
Segundo o pediatra André Santos, do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, um bebê que nasce com 20 semanas e tem 500 gramas é considerado aborto natural pelo Ministério da Saúde.


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