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INTERIOR DE SP
Médico que deu diagnóstico de morte da recém-nascida poderá ser indiciado; mãe continuava internada ontem
Morre bebê que quase foi enterrado vivo
ADRIANA MATIUZO
AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A recém-nascida Renata Teixeira Moreira, que quase foi enterrada viva em Patrocínio Paulista
(SP) anteontem, acabou morrendo cerca de oito horas após ser internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de
Franca por problemas respiratórios. Por um erro de diagnóstico,
a menina, que nasceu prematura
de seis meses e pesava 485 gramas, permaneceu dez horas em
um caixão fechado antes de uma
tia perceber que ela respirava.
A polícia havia informado que o
bebê pesava 400 gramas, mas o
médico Cleber Rebelo Novelino,
que assinou o atestado de óbito,
informou que o peso correto era
de 485 gramas.
O corpo do bebê foi enterrado
ontem no Cemitério Municipal de
Patrocínio Paulista, ao lado do túmulo onde está seu irmão gêmeo,
Renato Teixeira Moreira, que
morreu na quarta-feira.
Não houve velório. O enterro
ocorreu às 12h30 de ontem, com a
participação de familiares emocionados e de moradores de Patrocínio. A mãe da criança, Lourdes da Silva Teixeira Moreira, 38,
continuou internada ontem. Segundo seu marido, o administrador de fazendas Antonio Joaquim
Moreira, ela deve ter alta hoje.
A Folha esteve no quarto da
mãe ontem na Santa Casa. Lourdes, que fez tratamento para engravidar e já tinha perdido um bebê há um ano, desconhecia o fato
de sua filha ter sobrevivido por algumas horas depois de ter sido
diagnosticada como morta. "Não
vejo a hora de sair daqui", disse.
O médico Novelino poderá ser
indiciado por homicídio culposo.
Ele disse outro médico diagnosticou a morte e que a equipe toda ficou abatida e não soube explicar o
que ocorreu, já que bebê não tinha sinal vital. A Santa Casa disse
que comentará o caso na segunda.
Na opinião da pediatra Lúcia
Bueno, do Hospital das Clínicas
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que não comentou o caso da recém-nascida
de Patrocínio, uma criança que
nasce prematura e com baixo peso e fica sem cuidados médicos
dificilmente poderia sobreviver.
Segundo o pediatra André Santos, do Hospital das Clínicas de
Ribeirão Preto, um bebê que nasce com 20 semanas e tem 500 gramas é considerado aborto natural
pelo Ministério da Saúde.
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