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JUSTIÇA
Para bispo, dor da mãe não justifica aborto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O secretário-geral da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), dom Odilo Pedro
Scherer, afirma que o sofrimento
de uma grávida de um feto com
anencefalia não é justificativa para a interrupção da gravidez.
Em entrevista ao semanário "O
São Paulo", da arquidiocese da
capital paulista, dom Odilo disse
que a igreja "é a favor da vida e da
dignidade do ser humano, não
importando o estágio do seu desenvolvimento ou condição na
qual se encontre".
"A mulher que gera um filho
com anencefalia pode passar por
um drama grave e por muitos sofrimentos, sabendo que o feto pode morrer ainda no seu seio ou
então logo depois de nascer. Temos que ter muita compreensão
com essa mãe, e a sociedade dispõe de muitos meios para ajudá-la. Mesmo o risco para a saúde da
mãe pode ser controlado pela medicina. Mas o sofrimento da mãe
não é justificativa suficiente para
tirar a vida do filho dela", afirmou
dom Odilo ao semanário.
Procurado ontem pela Folha, o
secretário-geral da CNBB confirmou as declarações, por meio da
assessoria de imprensa da conferência, e autorizou a publicação.
Fetos com anencefalia têm defeito de fechamento na calota craniana e ausência de cérebro, o que
impede a sobrevivência fora do
útero. O problema pode ser detectado por meio de exames.
Na semana passada, o ministro
do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio de Mello liberou, por meio de liminar, a interrupção de gravidez quando houver laudo médico atestando a
anencefalia do feto. A decisão
provisória vale para todo o país. A
CNBB pediu anteontem ao presidente do Supremo, Nelson Jobim,
a cassação da medida.
Também solicitou que a entidade seja aceita como parte interessada na ação movida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (que deu origem à
liminar), o que já havia sido negado por Marco Aurélio.
O pedido da CNBB deverá ser
examinado na próxima semana.
Bispo auxiliar de São Paulo, d.
Odilo diz ainda na entrevista que
a decisão do ministro Marco Aurélio pode levar à permissão para
interromper a gravidez de fetos
com doenças incuráveis ou à eutanásia para doentes terminais.
Afirma ainda que "a vida humana
não está apenas num órgão, como
o cérebro, por mais importante
que ele seja. A vida está no conjunto das funções do organismo."
Cartilha
O arcebispo de Porto Alegre,
dom Dadeus Grings, apresentou
anteontem a "Cartilha Política
-Eleições Municipais 2004", em
que sugere a católicos que não votem em candidatos que defendem
o aborto. O material diz que nenhum partido pode assumir o título de católico ou cristão e critica
os candidatos que se aproveitam
das "carências do povo", em uma
"pretensa democracia".
A cartilha do arcebispo, tido como conservador, surge poucos
dias depois de o Tribunal de Justiça gaúcho publicar decisão favorável à interrupção da gravidez
em caso de anencefalia.
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