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"Ninguém foi lá no morro para matar", diz delegado
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Responsável pelas investigações sobre dez das 19 mortes na
megaoperação policial no dia
27 no complexo do Alemão (zona norte do Rio), o delegado-titular da 22ª Delegacia, Alcides
Iantorno, 65, já concluiu que as
vítimas morreram em confrontos com policiais, e não assassinadas, como acusam parentes e
suspeitam entidades de defesa
dos direitos humanos.
FOLHA - O sr. investiga a possibilidade de assassinatos?
ALCIDES IANTORNO - Discordo. Isso foi um trabalho muito sério,
ninguém foi lá no morro para
matar ninguém. Foram lá para
prender. Houve uma reação
violenta por parte do tráfico. A
polícia não poderia ficar com as
mãos cruzadas recebendo tiro.
Ela teve que reagir à altura.
FOLHA - As investigações apontam
para um confronto?
IANTORNO - Confronto total.
Eles têm muita munição.
FOLHA - Quantas pessoas o sr. já
ouviu nesse inquérito?
IANTORNO - Estamos ouvindo
pessoas da família, não sei dizer
quantas. Temos que localizar e
trazer aqui.
FOLHA - O sr. poderia ver para mim
quantos já foram ouvidos?
IANTORNO - Não.
FOLHA - O sr. já tem os laudos cadavéricos?
IANTORNO - Já.
FOLHA - O que lhe pareceu?
IANTORNO - Confronto. O [laudo] que daria efetivamente para determinar [se houve] uma
execução tem que ser feito com
o corpo no local, entendeu?
FOLHA - Falou-se que os seis corpos
levados para a delegacia eram de
homens mortos pelo tráfico.
IANTORNO - Não temos conclusão sobre esse detalhe. É provável que os traficantes tenham
atirado nesses indivíduos, que
eles achavam que eram traidores. Esses seis aí os traficantes é
que mandaram para cá.
FOLHA - Após a operação, os traficantes voltaram?
IANTORNO - Foi um desfalque
para eles, perderam muita arma, mas eles são safados, não
param, não, eles continuam.
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