São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2007

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"Ninguém foi lá no morro para matar", diz delegado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Responsável pelas investigações sobre dez das 19 mortes na megaoperação policial no dia 27 no complexo do Alemão (zona norte do Rio), o delegado-titular da 22ª Delegacia, Alcides Iantorno, 65, já concluiu que as vítimas morreram em confrontos com policiais, e não assassinadas, como acusam parentes e suspeitam entidades de defesa dos direitos humanos.  

FOLHA - O sr. investiga a possibilidade de assassinatos?
ALCIDES IANTORNO
- Discordo. Isso foi um trabalho muito sério, ninguém foi lá no morro para matar ninguém. Foram lá para prender. Houve uma reação violenta por parte do tráfico. A polícia não poderia ficar com as mãos cruzadas recebendo tiro. Ela teve que reagir à altura.

FOLHA - As investigações apontam para um confronto?
IANTORNO
- Confronto total. Eles têm muita munição.

FOLHA - Quantas pessoas o sr. já ouviu nesse inquérito?
IANTORNO
- Estamos ouvindo pessoas da família, não sei dizer quantas. Temos que localizar e trazer aqui.

FOLHA - O sr. poderia ver para mim quantos já foram ouvidos?
IANTORNO
- Não.

FOLHA - O sr. já tem os laudos cadavéricos?
IANTORNO
- Já.

FOLHA - O que lhe pareceu?
IANTORNO
- Confronto. O [laudo] que daria efetivamente para determinar [se houve] uma execução tem que ser feito com o corpo no local, entendeu?

FOLHA - Falou-se que os seis corpos levados para a delegacia eram de homens mortos pelo tráfico.
IANTORNO
- Não temos conclusão sobre esse detalhe. É provável que os traficantes tenham atirado nesses indivíduos, que eles achavam que eram traidores. Esses seis aí os traficantes é que mandaram para cá.

FOLHA - Após a operação, os traficantes voltaram?
IANTORNO
- Foi um desfalque para eles, perderam muita arma, mas eles são safados, não param, não, eles continuam.


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