São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Servidores e mediador dizem que a prefeitura recuou em sua proposta de reajuste dos salários; secretária nega

Impasse ameaça negociações salariais

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de três meses, as negociações salariais entre a administração e os servidores chegaram a um impasse. As discussões sobre os índices de aumento devido à data-base da categoria, em 1º de maio, podem voltar à estaca zero, há risco de paralisações e o novo sistema criado para as duas partes negociarem pode ser dissolvido.
Motivo: o mediador das negociações e a federação de entidades dos servidores sustentam que a prefeitura recuou anteontem da proposta de reajustar os salários dos servidores em 7,41%, em três parcelas anuais -2% retroativo a maio, 2,62% em janeiro de 2003, mais 2,62% em janeiro de 2004.
Para os servidores municipais que ganham até três salários mínimos, haveria ainda R$ 300 de abono, em três parcelas.
Segundo a federação das entidades e o mediador, o advogado Douglas Gerson Braga, o recuo teria acontecido no dia em que os sindicatos se reuniram para assinar o acordo. O governo, apesar de falar em nova situação econômica por ter registrado queda de arrecadação, nega.
"Nós não retiramos a proposta de índice [os 7,41%", mas acontece que eles [os servidores" não concordam com a proposta econômica. Então, eles não querem essa proposta", afirmou a secretária Helena Kerr (Gestão Pública).
Segundo ela, como não há acordo, um projeto que será enviado ao Legislativo vai prever apenas o reajuste de 2% e o abono. Antes, o governo tinha anunciado que os aumentos de 2003 e 2004 constariam do projeto, independentemente de o acordo ser assinado com o funcionalismo.
"E isso é ou não recuar da proposta, meu Deus do céu? Eles disseram que isso aí [a correção em 2003 e em 2004" eles não vão sustentar mais, pois não têm como pagar", disse Berenice Gazoni, presidente da federação.
O mediador das negociações, que exerce o cargo como voluntário e foi aceito pelas duas partes, endossa a declaração da sindicalista. "Há um recuo, e o governo está querendo disfarçar."
Braga disse que na próxima semana discutirá a questão com o governo e os sindicatos e, dependendo da situação, poderá defender a dissolução do sistema permanente de negociação, que prevê participação da sociedade.
"Acho que há uma quebra do preceito fundamental de negociação, que é boa fé, e o da credibilidade do sistema", afirmou.
Na próxima semana, as entidades também discutirão a posição dos sindicatos quanto às negociações. No total, há 168 mil servidores na prefeitura, que tem um gasto médio de R$ 258 milhões por mês com folha de pagamento.



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