São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

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MANÍACO DO PARQUE
Polícia vai agora mostrar a Francisco Pereira um álbum com fotos de mulheres desaparecidas
Motoboy não sabe quem são 4 vítimas

Évelson de Freitas - 05.ago.98/Folha Imagem
O motoboy Francisco de Assis de Pereira, que confessou a morte de nove mulheres, em entrevista no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa


MARCELO GODOY

da Reportagem Local

O motoboy Francisco de Assis Pereira, 30, que confessou ter matado nove mulheres no parque do Estado, não soube informar à polícia, no longo depoimento que prestou no sábado, os nomes das quatro vítimas que permanecem desconhecidas. Nesta semana, o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) irá mostrar a Pereira o álbum de fotografias da Delegacia de Pessoas Desaparecidas. A esperança dos policiais é que o motoboy identifique por meio das fotografias aquelas outras quatro vítimas. Isso porque Pereira apontou com absoluta certeza as fotografias de cinco mulheres como vítimas de seus crimes. São elas: a balconista Selma Ferreira Queiroz, 18, a vendedora Raquel Mota Rodrigues, 23, a comerciária Patrícia Gonçalves Marinho, 20, a estudante Elisângela Francisco da Silva, 21 e a estudante Isadora Fraenkel, 19. Ainda nesta semana, os médicos-legistas deverão comparar a arcada dentária de Isadora com a da ossada indicada anteontem na mata do parque pelo motoboy, a fim de confirmar a identificação do cadáver. O IML (Instituto Médico Legal) também deverá exumar um corpo de mulher achado em maio no parque para comparar sua arcada dentária com os dados fornecidos pela família da professora de dança Michele dos Santos, 20, desaparecida em abril. Em seu interrogatório de anteontem, o motoboy também informou aos policiais os locais onde deixou cada uma das mortas no parque. Não soube apontar as datas exatas, só o dia aproximado dos crimes. Disse que levava para casa documentos e roupas das vítimas, dos quais se desfazia mais tarde. Pereira contou os locais onde "caçava" as vítimas, que nem sempre eram atraídas ao parque com a proposta de posar para fotos do catálogo de uma empresa de cosméticos. O preso disse aos policiais que a forma de atrair as mulheres variava de acordo com o assunto que interessava às vítimas. Chegou a dizer a uma delas que lhe ia mostrar um "camping selvagem", um lugar bonito, desconhecido, inóspito e com belos lagos, dentro do parque do Estado. No interrogatório, o motoboy afirmou que, ao abordar uma mulher, torcia para que ela não aceitasse caminhar ao seu lado. Não disse estar arrependido, mas afirmou que não queria matar, que não conseguia se opor ao seu "lado ruim", que o dominava quando chegava à mata do parque. Disse que, após espancar as vítimas, nem sempre conseguiu manter relações sexuais com as mulheres. Em alguns casos, afirmou o preso, sentiu mais prazer em matar sua vítima. Canibalismo
O acusado revelou aos policiais um fato que o atormentava: sabia que mais cedo ou mais tarde ia comer realmente a carne de suas vítimas. Disse que já sentia vontade de fazer isso e por isso as mordia. Ele revelou que esganava as mulheres, como, aliás, já havia sido constatado no caso de Selma, única vítima que o IML pôde definir a causa da morte.


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