São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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NA CÂMARA

Situação quer aprovar três comissões de cassação para esvaziar proposta oposicionista de nova CPI

Governistas fazem manobra contra CPI

OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local

O bloco governista na Câmara vai tentar abrir hoje comissões processantes para encaminhar as cassações dos mandatos dos vereadores Salim Curiati Jr. (PPB), Maria Helena (PL) e Vicente Cândido (PT).
A abertura das comissões é uma manobra dos governistas para evitar a criação de uma nova CPI da máfia da propina, que teria um poder de investigação maior. Esta é a opinião de vereadores da oposição, que, mesmo assim, vão apresentar hoje requerimento de abertura da nova CPI.
Além disso, os governistas vão apresentar proposta de criação de um código de ética e de uma comissão de ética na Câmara. Como os governistas têm 33 votos contra 22 da oposição, as três comissões devem ser abertas. Já a CPI deve ser rejeitada. Para aprovar qualquer projeto são necessários os votos de 28 vereadores.
Os pedidos de cassação de Curiati e Maria Helena serão apresentados por Miguel Colasuonno (PPB). Ele alega que os dois vereadores quebraram o decoro parlamentar ao se envolver em um caso de ameaças e extorsão.
Já a cassação de Vicente Cândido (PT) é sugerida por Edivaldo Estima (PPB), com o argumento de que ele produziu um cartaz que ofendia os governistas. O cartaz, assinado pelo Diretório Municipal do PT, do qual Cândido é presidente, trazia fotos dos governistas e a mensagem "Estes vereadores envergonham São Paulo".
Colasuonno afirma que o objetivo da abertura das comissões é "mostrar que a Câmara está investigando à frente dos casos". Ele nega a intenção de enterrar a CPI ou de retaliar vereadores de oposição. Mesmo sendo do PPB, Curiati, desde o início do ano, se alinha com o bloco de oposição, votando contra os interesses do prefeito Celso Pitta, o que lhe valeu o apelido de "camarada Curiati".
Apesar da negativa, Colasuonno não quer ampliar as investigações para Faria Lima (PMDB), um dos líderes governistas, acusado de arrecadar R$ 120 mil por mês em propina na Regional de Pinheiros. "Não há indícios concretos, apenas suposições."
Mesmo sem maioria, a oposição vai apresentar hoje o pedido de uma nova CPI da máfia da propina. Para tentar obter seis votos governistas, os oposicionistas decidiram entregar a presidência da comissão a um vereador do PSDB, partido que sofre menos rejeição que o PT entre a situação.
Uma reunião dos 22 oposicionistas na manhã de hoje irá definir o nome do presidente. Os mais cotados são Nélson Proença e Aurélio Nomura. Pelo regimento, quem apresenta o requerimento de CPI se torna seu presidente.


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