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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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AMBIENTE

Medida foi tomada, por tempo indeterminado, devido a afloramento de metal tóxico em antiga área de mineração

Área com mercúrio é interditada em MG

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O governo de Minas Gerais determinou a interdição do trecho da área rural da cidade de Descoberto (a 370 km de Belo Horizonte) onde um afloramento de mercúrio contaminou a terra e, possivelmente, os cursos d'água que abastecem a região.
A interdição foi anunciada pelo secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, presidente do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental).
Na deliberação do Copam (número 127, do dia 27 de agosto), José Carlos Carvalho reconhece a contaminação do local por mercúrio e o risco que isso representa à saúde humana, à flora e à fauna da região.
A interdição do terreno de 8.000 metros quadrados é por tempo indeterminado.
Ninguém pode entrar na área, cercada com arame pela Prefeitura de Descoberto. Uma placa alerta as pessoas para o perigo.
O mercúrio é o metal mais tóxico do planeta. A pessoa que ingere peixes contaminados pelo mercúrio corre o risco de contrair doenças neurológicas e renais irreversíveis. O perigo para as grávidas é ainda maior. Se contaminadas, o feto pode ter má-formação.
O afloramento de mercúrio em Descoberto foi revelado pela Folha na edição de 18 de agosto.
O metal, em sua forma líquida, começou a brotar do solo em dezembro do ano passado, depois do alargamento de uma estrada vicinal.
A análise laboratorial de amostras da terra em torno do foco de mercúrio revelou a contaminação. O córrego que passa a 15 m do foco também pode ter sido atingido pelo vazamento.
O secretário de Saúde de Descoberto, Orlando Mendonça, disse ontem que a prefeitura já interditou a área.
A família de agricultores que mora em uma casa a 80 m do foco não precisou ser removida.
"Abrimos um outro acesso para que o casal e os dois filhos possam entrar e sair de casa", afirmou o secretário.
Como o foco fica a cerca de 10 km do centro de Descoberto, o secretário disse não ver necessidade de manter uma vigilância permanente no local.
"Não vai ninguém lá", afirmou.
As autoridades ambientais avaliam que o mercúrio que contamina o local é resíduo da extração de ouro ocorrida no local na segunda metade do século 19.
Caso único conhecido no mundo, o afloramento do metal está sendo estudado por especialistas da USP (Universidade de São Paulo), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).
No último dia 27, técnicos da Feam (Fundação Estadual de Meio Ambiente), órgão do governo mineiro, voltaram a Descoberto para realizar novas coletas de água e sedimentos do córrego vizinho ao foco. Os resultados, segundo a Feam, devem ser conhecidos no final deste mês.


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