São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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CLIMA

Índice foi de apenas 14%, igualando recorde registrado em outras duas ocasiões; frente fria deve amenizar situação

São Paulo tem umidade mais baixa desde 97

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

A umidade do ar em São Paulo chegou ontem ao nível mais baixo já registrado na capital: 14%. A cidade só havia alcançado esse índice nos dias 1º e 2 de setembro de 1997 e em 1963, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que mede o indicador desde 1961. Abaixo de 12%, o estado é de emergência. Atividades ao ar livre, por exemplo, devem ser interrompidas das 10h às 16h.
Hoje a umidade do ar deve aumentar um pouco e ficar entre 20% e 30% -o normal é que esse índice seja de aproximadamente 50% ao longo do dia.
A melhora em relação a ontem se deve à aproximação de uma frente fria vinda do Sul do país, que deve baixar a temperatura e elevar a umidade no Estado neste fim de semana. Mas a população só deve sentir realmente as mudanças no clima no domingo, segundo o meteorologista Leandro della Vedova, do Inmet.
A expectativa é que os índices de umidade sejam normalizados e a temperatura caia para 25C no domingo. Ontem, os termômetros registraram 32,7C na cidade.
Mas essa frente fria não garante que o conforto dure muito tempo. "Ela não está muito forte, deve trazer pouca precipitação [chuva] e é provável que, após a passagem dela, o ar volte a ficar seco", afirma Vedova.
Os índices de umidade registrados ontem pelo CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo, são ainda mais preocupantes: 7%, o mais baixo da cidade, na Freguesia do Ó (zona norte).
A baixa umidade pode levar a complicações respiratórias e irritação ocular, entre outros sintomas. Segundo o diretor do hospital municipal infantil Menino Jesus, Antonio Carlos Madeira, aumentou em 20% nesta semana o número de casos atendidos no pronto-socorro da entidade relacionados a problemas respiratórios. De 300 atendimentos diários, a instituição passou para 350, em média. Destes, cerca de 60% são relacionados problemas respiratórios. "As mais atingidas são as crianças que já têm problemas, como bronquite", afirma.
Segundo ele, os sintomas desaparecem um ou dois dias após a regularização climática.

Ozônio
Aliada à baixa umidade, a poluição do ar tem piorado a situação dos paulistanos. Ontem, a Cetesb (agência ambiental paulista) manteve o estado de atenção no Ibirapuera devido à alta concentração de ozônio na atmosfera. O ozônio é um gás tóxico que pode provocar irritação nos olhos, na garganta, no nariz, além de náuseas, dor de cabeça, tosse, fadiga e problemas respiratórios.
Também devido ao poluente, as regiões Mauá (Grande SP), São Miguel Paulista (zona leste da capital) e Capuava (Santo André, na Grande SP) entraram em estado de atenção. As condições meteorológicas de hoje não são favoráveis à dispersão dos poluentes.
Já as regiões de Santana (zona norte), Mooca (zona leste) e Paulínia (126 km de São Paulo), que haviam entrado em estado de atenção anteontem, voltaram a registrar índices normais.
A estação da Cetesb chegou a registrar anteontem à tarde uma concentração de 203 microgramas de ozônio por m3 de ar em Paulínia. O limite aceito pela companhia é de 160 microgramas por m3 de ar.
A qualidade do ar foi classificada como "má" pelo órgão anteontem. Ontem estava regular.
De acordo com a Cetesb, o pólo petroquímico de Paulínia é o principal responsável pelos elevados níveis de ozônio no ar, principalmente as indústrias que atuam na queima de combustíveis, como gasolina e óleo diesel.
O ozônio pode ser formado tanto por produtos de combustão de fontes fixas, como a indústria petroquímica, quanto por fontes móveis, como os veículos.


Colaborou a Agência Folha


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