|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Fundação cobra em manifesto mais controle e restrição sobre essas farmácias
Fiocruz pede rigor com manipulação
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A Fiocruz (Fundação Oswaldo
Cruz), do Ministério da Saúde,
pediu ontem em manifesto mais
rigor na resolução sobre o setor de
farmácias de manipulação. O projeto de regulamentação é visto pelas associações dessas farmácias
como arbitrário e coercitivo.
O texto é assinado por André
Gemal, diretor do Instituto Nacional de Controle de Qualidade
em Saúde, e por Antônio Ivo de
Carvalho e Francisco Paumgartten, respectivamente diretor e
pesquisador da Escola Nacional
de Saúde Pública Sérgio Arouca.
"Apesar das fortes críticas do setor regulado, a resolução é insuficiente em vários aspectos, principalmente por permitir a produção de virtualmente qualquer tipo
de medicamento. Se a produção
de medicamentos de baixo índice
terapêutico em farmácias magistrais [de manipulação] não for
proibida, falhas terapêuticas e
mortes continuarão a ocorrer
com freqüência", diz o manifesto.
Em um medicamento de baixo
índice terapêutico, a dosagem eficaz é muito próxima da fatal.
Gemal diz que análises de seu
instituto já registraram casos em
que os valores das substâncias do
medicamento eram até 32.000%
superiores aos declarados no rótulo, chegando a causar óbitos.
Tomar um remédio em quantidade 32.000% maior que a declarada
é o mesmo que tomar 320 cápsulas do produto de uma vez.
Segundo Gemal, o texto não pede o fim das farmácias de manipulação, mas sim mais controle.
"São poucas as situações em
que se faz necessário produzir o
medicamento de forma personalizada. Isso pode ser necessário se
o paciente for alérgico a um componente do produto industrializado ou se for conveniente ter
uma solução oral de um fármaco
que só esteja disponível em comprimidos", diz o texto.
Segundo os pesquisadores, "há
processos tecnológicos e testes de
qualidade que são possíveis na
produção em escala industrial,
mas não são viáveis na escala reduzida da farmácia magistral".
Erros na manipulação podem
ter causado a morte, no mês passado, de três pessoas na Bahia, pelo uso do anestésico lidocaína, e
de oito pessoas desde 2004 com a
colchicina, contra a gota.
A Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais) contestou o manifesto. A
entidade representa cerca de
5.200 farmácias e farmacêuticos
de manipulação, o que correspondente a 70% do setor.
"As farmácias de manipulação
não oferecem risco à população.
Anualmente são aviados 3 milhões de receitas. Até hoje foram
registrados aproximadamente 27
casos de problemas com manipulados", diz em nota. O texto diz
que a proposta da Anvisa apresentada até agora limita a liberdade de escolha do consumidor.
Texto Anterior: Violência: Acusados de seqüestro de garoto são presos e negam assassinato Próximo Texto: Outro lado: Para associação, farmácias não oferecem risco Índice
|