São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Criança foi encontrada morta no interior de SP

Acusados de seqüestro de garoto são presos e negam assassinato

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Dois homens acusados de participar do seqüestro do estudante Luiz Ricardo Quintanilha da Costa, de oito anos, encontrado morto na última quarta-feira, foram presos ontem pela polícia no município de Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo).
De acordo com a DIG (Delegacia de Investigações Gerais), os acusados, de 22 e 23 anos, confessaram em depoimento o seqüestro, mas negaram envolvimento no assassinato do garoto.
"Falaram que havia uma encomenda de um seqüestro, que eles arrebataram a vítima e passaram para outras pessoas. Eles negaram participação no assassinato", disse o delegado Paulo Sérgio Martins, titular da DIG de Jundiaí.
Segundo o policial, os acusados confirmaram que Luiz Ricardo foi seqüestrado por engano e que o alvo seria o filho do empresário e proprietário da casa onde a avó do estudante trabalha como empregada doméstica.
"Eles disseram que no dia do seqüestro havia três crianças dentro da casa [os dois filhos do empresário, uma menina de seis anos e um menino de quatro, além de Luiz Ricardo]. Dois deles fugiram, e Luiz Ricardo foi levado. Eles não sabiam qual dos meninos era o filho do empresário."
Martins informou que os acusados foram presos em suas casas, também em Jundiaí. De acordo com a polícia, eles afirmaram que receberiam R$ 1.000 cada um pela participação no seqüestro.
A polícia investiga o envolvimento de pelo menos outras duas pessoas no crime. A polícia não soube informar se os acusados têm advogados.

R$ 300 mil
Luiz Ricardo foi levado no dia 30 de agosto, de dentro da casa de um empresário, localizada no bairro Água Doce, em Jundiaí, onde a avó dele, Izabel de Paula Costa, de 70 anos, trabalha como empregada doméstica.
Os criminosos fugiram com o garoto em um Peugeot 206 que tinha sido roubado pouco antes na própria cidade. O primeiro e único contato dos seqüestradores com a família aconteceu minutos depois da captura, quando o crime era registrado em uma delegacia de Jundiaí.
A ligação foi feita para o celular do empresário, e Luiz Ricardo foi colocado na linha; R$ 300 mil foram exigidos para o resgate.
Durante os oito dias seguintes, a família não teve mais notícias do estudante. Até que na quarta-feira passada um casal de pescadores localizou na represa do rio Atibainha, na cidade de Nazaré Paulista (56 km a nordeste de São Paulo), o corpo de uma criança vestindo uma camiseta branca e uma calça azul -a mesma roupa que Luiz Ricardo usava no momento em que foi seqüestrado.
O corpo foi reconhecido pela mãe e pela avó do garoto. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou que Luiz Ricardo morreu por afogamento. Pedaços de fita adesiva nos pulsos e nos tornozelos apontavam que ele teria sido amarrado e jogado vivo na represa. Isso teria acontecido, provavelmente, no dia do seqüestro, por causa do estado de decomposição do corpo.
Proprietário de uma indústria de equipamentos mecânicos, o empresário e patrão da avó do garoto abandonou, com a mulher e os dois filhos, a casa onde viviam depois do seqüestro.
Segundo o delegado Joel Antônio dos Santos, da Deas (Delegacia Anti-Seqüestros) de Campinas (SP), a versão de que Luiz Ricardo foi seqüestrado por engano é a única considerada nas investigações. Segundo ele, o erro, o valor relativamente baixo do resgate e o assassinato do garoto indicam que o crime não foi cometido por uma quadrilha especializada.


Texto Anterior: Memória: Pesquisa aponta queda em mortes por arma de fogo
Próximo Texto: Saúde: Fiocruz pede rigor com manipulação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.