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VIOLÊNCIA
Criança foi encontrada morta no interior de SP
Acusados de seqüestro de garoto são presos e negam assassinato
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Dois homens acusados de participar do seqüestro do estudante
Luiz Ricardo Quintanilha da Costa, de oito anos, encontrado morto na última quarta-feira, foram
presos ontem pela polícia no município de Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo).
De acordo com a DIG (Delegacia de Investigações Gerais), os
acusados, de 22 e 23 anos, confessaram em depoimento o seqüestro, mas negaram envolvimento
no assassinato do garoto.
"Falaram que havia uma encomenda de um seqüestro, que eles
arrebataram a vítima e passaram
para outras pessoas. Eles negaram
participação no assassinato", disse o delegado Paulo Sérgio Martins, titular da DIG de Jundiaí.
Segundo o policial, os acusados
confirmaram que Luiz Ricardo
foi seqüestrado por engano e que
o alvo seria o filho do empresário
e proprietário da casa onde a avó
do estudante trabalha como empregada doméstica.
"Eles disseram que no dia do seqüestro havia três crianças dentro
da casa [os dois filhos do empresário, uma menina de seis anos e
um menino de quatro, além de
Luiz Ricardo]. Dois deles fugiram,
e Luiz Ricardo foi levado. Eles não
sabiam qual dos meninos era o filho do empresário."
Martins informou que os acusados foram presos em suas casas,
também em Jundiaí. De acordo
com a polícia, eles afirmaram que
receberiam R$ 1.000 cada um pela
participação no seqüestro.
A polícia investiga o envolvimento de pelo menos outras duas
pessoas no crime. A polícia não
soube informar se os acusados
têm advogados.
R$ 300 mil
Luiz Ricardo foi levado no dia
30 de agosto, de dentro da casa de
um empresário, localizada no
bairro Água Doce, em Jundiaí,
onde a avó dele, Izabel de Paula
Costa, de 70 anos, trabalha como
empregada doméstica.
Os criminosos fugiram com o
garoto em um Peugeot 206 que tinha sido roubado pouco antes na
própria cidade. O primeiro e único contato dos seqüestradores
com a família aconteceu minutos
depois da captura, quando o crime era registrado em uma delegacia de Jundiaí.
A ligação foi feita para o celular
do empresário, e Luiz Ricardo foi
colocado na linha; R$ 300 mil foram exigidos para o resgate.
Durante os oito dias seguintes, a
família não teve mais notícias do
estudante. Até que na quarta-feira
passada um casal de pescadores
localizou na represa do rio Atibainha, na cidade de Nazaré Paulista
(56 km a nordeste de São Paulo),
o corpo de uma criança vestindo
uma camiseta branca e uma calça
azul -a mesma roupa que Luiz
Ricardo usava no momento em
que foi seqüestrado.
O corpo foi reconhecido pela
mãe e pela avó do garoto. O laudo
do IML (Instituto Médico Legal)
apontou que Luiz Ricardo morreu por afogamento. Pedaços de
fita adesiva nos pulsos e nos tornozelos apontavam que ele teria
sido amarrado e jogado vivo na
represa. Isso teria acontecido,
provavelmente, no dia do seqüestro, por causa do estado de decomposição do corpo.
Proprietário de uma indústria
de equipamentos mecânicos, o
empresário e patrão da avó do garoto abandonou, com a mulher e
os dois filhos, a casa onde viviam
depois do seqüestro.
Segundo o delegado Joel Antônio dos Santos, da Deas (Delegacia Anti-Seqüestros) de Campinas (SP), a versão de que Luiz Ricardo foi seqüestrado por engano
é a única considerada nas investigações. Segundo ele, o erro, o valor relativamente baixo do resgate
e o assassinato do garoto indicam
que o crime não foi cometido por
uma quadrilha especializada.
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