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Linguistas defendem o uso de sinônimos
da Reportagem Local
A incorporação de palavras estrangeiras na língua portuguesa é
um processo que faz parte de sua
evolução e mudanças a que está
submetida. Apesar disso, linguistas e dicionaristas defendem a utilização de sinônimos em português, quando eles existem.
"Vejo com pesar a predominância de termos ligados à cibernética
e à informática. Espero que, no futuro, eles acabem sendo substituídos por outros em português",
diz Antônio Houaiss.
"Quando um termo designa um
processo novo, como quando se
diz "xerocar', é inevitável, mas
quando há um correspondente em
português, este deve ser privilegiado", diz o professor de língua
portuguesa da USP (Universidade
de São Paulo), Ataliba de Castilho.
No entanto as influências de línguas de uma sociedade dominante
sobre outras percorrem a história
e as culturas. "A presença dos
portugueses na Ásia, na época dos
descobrimentos (séculos 15 e 16),
influenciou o japonês", conta
Castilho. Ele cita um exemplo: o
da palavra "veludo", que em japonês se escreve "birodo".
As influências estrangeiras não
tiram porém a identidade de uma
língua, diz o professor. "Uma língua se define pela maneira como é
estruturada, organizada. Quase
60% das palavras inglesas são de
origem latina, mas ninguém fica
falando por aí que o inglês está sofrendo uma invasão latina."
Quanto à presença de termos ligados à tecnologia em dicionários
de língua geral, essa é uma tendência internacional. "É um processo
quase incontrolável", diz a lexicógrafa Ieda Maria Alves, também
professora da USP.
Outra tendência, na opinião do
linguista Dino Pretti, é o surgimento de termos ligados a linguagens de grupo -mais informais
que a língua culta- , que acabam
sendo incorporados à linguagem
escrita. "Há alguns dias, a Folha
usou "transar' em um título. Isso
seria inconcebível há alguns
anos", diz Pretti.
Isso decorre de dois processos: a
maior liberdade de expressão
(consequência do processo de democratização do Brasil) e a valorização da linguagem do povo.
(MAv)
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