São Paulo, quinta, 10 de setembro de 1998

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Dicionários trabalham mais rápido

da Reportagem Local

Os dicionários brasileiros trabalham mais rápido que a ABL na pesquisa das palavras que passam a fazer parte da língua portuguesa.
Muitos termos que constam do vocabulário lançado hoje pela Academia são encontrados, há alguns anos, nos principais dicionários do país.
"A ABL demorou muito para lançar esse vocabulário. O ideal seria que eles fizessem novas edições a cada cinco anos. A língua muda muito depressa", afirma Walter Weiszflog, editor da Melhoramentos, que publica o dicionário "Michaelis".
Estão no dicionário da Melhoramentos palavras como "acerola", "agilizar", "chacrete" e "conjeturar", só agora incluídas no vocabulário da ABL. O "Aurélio", por exemplo, já registrava "agilizar" desde 1995.
Weiszflog diz que o "Michaelis", republicado neste ano, é atualizado a cada cinco anos e reescrito a cada dez.
Para Marina Baird Buarque de Holanda Ferreira, uma das coordenadoras da equipe do "Aurélio", o processo de confecção do vocabulário é diferente do do dicionário. "Os dicionários têm por trás as editoras, e é muito trabalhoso fazer um vocabulário", diz.
Mesmo assim, os editores dos dicionários afirmam que devem incluir em suas publicações as novas palavras que eles ainda não houverem registrado.
No caso do "Aurélio", a coordenadora da edição diz que não sabe se será possível incluir todas as palavras, por causa da limitação de páginas. "Como não podemos fazer mais de um volume, vamos triar rigorosamente esse novo vocabulário", diz Marina.

Fontes de pesquisa
A principal fonte de pesquisa das equipes que trabalham na atualização dos dicionários é a mídia. Tanto o "Michaelis" quanto o "Aurélio" usam jornais e revistas de abrangência nacional para escolher as novas palavras.
Os dicionários contam também com especialistas em diversas áreas de conhecimento, como química, física e biologia. Eles são responsáveis por pesquisar os novos jargões de sua área.
Quando constatam que uma palavra já é de domínio público e não corre risco de desaparecer, incluem o novo vocábulo.
Um exemplo de palavra que chegou a ser cogitada para integrar o "Michaelis" é o termo "malufar", que foi muito usado para designar a adesão à candidatura de Paulo Maluf. Como o termo caiu em desuso, não foi incluído.
Para os editores, não deve haver problema na definição dos significados das novas palavras do vocabulário da ABL. "Só escolhemos palavras sobre cujo significado não há dúvida", diz Weiszflog. (MGs)



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