São Paulo, quinta, 10 de setembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice ADEUS ANTECIPADO Mulher pediu que ele só a lesse após embarque Marceneiro recebe carta de despedida
da Folha Campinas O marceneiro Agnaldo Alves, 33, conta ter recebido uma carta de despedida de sua mulher, Márcia Alves, 30 minutos antes do embarque dela em um dos ônibus envolvidos no acidente da Anhanguera. Márcia foi uma das vítimas. Além da mulher, Alves, perdeu no acidente o filho, Pedro Henrique, 1, a sogra, Luzia Teixeira Pinto, 51, e o enteado, Rogério Lopes, 9. Nenhum dos corpos havia sido identificado até ontem à noite. Alves não viajou para Aparecida. Preferiu ficar em Anápolis. Eles estavam casados havia dois anos. "Trinta minutos antes de viajar, ela deixou a carta e pediu para que eu lesse somente após ela subir no ônibus." No início, Márcia parece se despedir: "Meu amor, não há de ficar sozinho, porque sempre estarei em seus pensamentos. Não há de ficar triste, pela lembrança dos bons momentos que passamos juntos...". "Acredito que ela estava se despedindo, pois nunca havia escrito uma carta para mim sobre esse assunto", disse Alves. Na sequência da carta, Marta pede para Alves não desperdiçar lágrimas: "Não desperdiçarás lágrimas, porque serei seu lenço de amparo. Jamais ficarás em silêncio, porque serei as batidas repetidas do teu coração". Márcia termina a carta dizendo que Alves nunca a esquecerá: "Não me esquecerás, porque sempre me ouvirás dizer-lhe que te amo". Alves disse que vai permanecer em Campinas até o reconhecimento dos corpos. "Tenho esperança de que possa reconhecer os corpos caso seja chamado pelos legistas." O vendedor Elson Luiz Pereira, ajudou no reconhecimento de sua cunhada Maria Antonia da Silva, após responder o questionário fornecido pela equipe de identificação. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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