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Ônibus tinham 12 e 15 anos de uso
WILLIAM FRANÇA
enviado especial a Anápolis (GO)
Os dois ônibus usados pela Centro-Oeste Turismo, empresa que
transportava os romeiros de Anápolis acidentados anteontem na
rodovia Anhanguera, tinham 12 e
15 anos de uso.
Segundo certificados em poder
do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), os
dois ônibus estavam "em plenas
condições de segurança e de conforto". O certificado vale por um
ano.
O veículo KAX 6061-GO, que foi
o primeiro a se chocar com o caminhão em chamas, tinha 12 anos
e recebeu o Certificado de Segurança Veicular em julho. O ônibus
BWY 5872-GO tinha 15 anos e foi
vistoriado em junho.
Segundo a legislação, todos os
ônibus com mais de dez anos de
vida útil têm de passar anualmente por uma inspeção de qualidade
e segurança Äque inclui testes de
freio e suspensão, entre outrosÄ,
feita por empresas credenciadas
pelo DNER.
A Folha apurou que a empresa
cometeu, no entanto, pelo menos
duas infrações na viagem em que
transportava os romeiros.
A primeira: um dos motoristas
escalados para a viagem foi trocado antes dela sem que essa alteração fosse informada ao DNER. Essa infração poderia ter resultado
na apreensão do ônibus durante a
viagem e em multa de até R$ 1.226.
O motorista escalado pouco antes da viagem foi o que se salvou
por estar dormindo no bagageiro.
Luiz Carlos Sales, 43, viajou em lugar de Gerson Caetano Lima
Äque, segundo a empresa, estava
com o atestado de saúde vencido,
o que o impediu de viajar.
A segunda infração foi justamente o fato de um motorista viajar no bagageiro. Segundo o
DNER, essa infração configura
multa de R$ 263. Um dos três sócios da Centro-Oeste Turismo,
Valcir Braz de Amorim, 28, disse
que a empresa desconhece esse
hábito e que o desautoriza.
A paróquia de Nossa Senhora
Aparecida, em Anápolis, passou o
dia checando a listagem com o nome dos mortos e dos sobreviventes do acidente.
Nove pessoas continuavam internadas em Anápolis até o início
da noite de ontem. O caso mais
grave era o de Maria Cândida de
Oliveira, 49, que tem 95% do corpo com queimaduras de terceiro
grau. Ela permanecia internada na
UTI do Hospital de Queimaduras
de Anápolis sob anestesia geral.
Ontem, às 6h30, chegou a Anápolis o ônibus com 28 sobreviventes. Parentes tiveram de enfrentar
um cordão de isolamento feito por
fiéis da paróquia, que rezavam a
Ave Maria, para poder chegar aos
sobreviventes. Houve princípio de
tumulto. Até o início da noite de
ontem não havia informações sobre o sepultamento das seis vítimas já identificadas.
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