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Mulheres presas dizem ser mais controladas que os homens mas querem ter direitos iguais
Detentas defendem seu direito a sexo
da Reportagem Local
Detentas ouvidas pela Folha
defendem o direito de receber
visitas íntimas apesar de dizerem
que não têm tanta "necessidade
física quanto os homens".
"Tento controlar meus desejos correspondendo-me por cartas com meu companheiro", diz
L.R., 28., acusada de mandante
de homicídio.
Ela está presa no 89º Distrito
Policial há cinco meses por um
período que pode chegar a seis
anos. Seu marido também está
preso em outro distrito policial
pelo mesmo motivo. "Acho que
a mulher tem de ter o direito de
se relacionar com o companheiro dentro da cadeia. Mas para
mim não adianta porque meu
marido está preso."
L. diz que ele manda cartas
"picantes" a ela. "Eu fico envergonhada porque todas as cartas que recebo são lidas antes de
serem entregues. Mas essa é uma
maneira de matar as saudades."
As detentas negam manter relações homossexuais como forma de compensar a ausência do
companheiro. "Os homens precisam de sexo mais do que a gente. Aqui a gente cozinha, joga baralho, fala muito de homem e só.
Não é que não sentimos falta,
mas temos mais controle", diz
A.P.A, 27, presa acusada de assaltar um ônibus.
R.A.C, 27, detida há um ano e
quatro meses acusada de traficar
entorpecentes, é casada e seu
marido também está preso. Mesmo que pudesse, ela não gostaria
de manter relações sexuais com
seu marido na cadeia. "Para
mim, é indiferente. Não sinto
falta de sexo nessas condições e
esse lugar não é apropriado."
Já Lina de Souza, 25, presa há
três meses por assalto à mão armada, defende com fervor o direito de a mulher receber visitas
íntimas. Segundo ela, seu marido, também preso há oito meses,
está prestes a ser solto. "Sinto
muita falta dele. Não vejo a hora
de receber sua visita e adoraria
ter um lugar para matar a saudade", diz. "Por que só os homens
têm esse privilégio?"
Uma pesquisa realizada com
153 presas de São Paulo em 1996
mostrou que 78% das detentas
são a favor das visitas íntimas.
A pesquisa foi desenvolvida
pelo Coletivo de Feministas Lésbicas em convênio com o Ministério da Saúde como parte de um
projeto de prevenção às DSTs
(doenças sexualmente transmissíveis). Mostraram-se contrárias
às visitas 17% das entrevistadas
(5% não responderam). Gravidez e aumento de DSTs foram os
argumentos apresentados por
elas. Cerca de 18% das detentas
declararam ter iniciado relações
homossexuais na cadeia.
(PL)
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