São Paulo, Sexta-feira, 10 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Professora nega irregularidade e diz que agiu de boa-fé

da Redação

O procurador-chefe da USP, professor João Alberto Del Nero, disse que os professores "se precipitaram" ao recorrer ao Ministério Público. "Não estamos parados."
Del Nero afirmou que "não há na USP casos que sejam engavetados". Por isso considera que o ofício encaminhado ao procurador-geral de Justiça Luiz Antônio Marrey teria sido "dispensável". Antes, acredita, os professores deveriam ter percorrido todas as instâncias da USP, "incluindo o Conselho Universitário".
Ouvida pela Folha, a professora Célia Regina não quis se pronunciar. Ela disse que só falará depois de receber notificação do Ministério Público.
Em seu depoimento à comissão de sindicância da USP, a professora disse:
1) Que nunca soube que o recebimento de duas bolsas seria irregular;
2) Que o dinheiro da bolsa do aluno Flávio Beraldo foi usado em compras para o laboratório;
3) Que agiu de "boa-fé" e devolveria o dinheiro, caso necessário;
4) Que nunca aconselhou a nenhuma de suas alunas que ficasse com metade da bolsa de estudos, entregando o restante para o laboratório;
5) Que o cheque destinado à reforma de um laboratório, que não ocorreu, foi devolvido pelo engenheiro responsável pela obra.
Ao comentar o caso da professora, o procurador Del Nero ressaltou o fato de ela própria ter manifestado a disposição de devolver os recursos que lhe foram repassados por um de seus alunos.
Falando em nome da USP, Del Nero disse, de resto, que é preciso esperar pela prestação de contas de Célia Regina, para verificar se ainda restará irregularidade a ser apurada quanto ao sumiço dos R$ 7.000 que deveriam ter financiado a reforma de um laboratório.
A Folha apurou que a reitoria da USP encara com reservas as denúncias feitas contra Célia Regina. Acha que o episódio é parte de uma disputa de poder no departamento de fisiologia.
Dois professores disseram, sob o compromisso de que seus nomes fossem preservados, que os cuidados da direção da USP na administração do caso Célia Regina ocultam, na verdade, o desejo de preservar a universidade de uma investigação externa.
Uma apuração que, segundo os professores, revelaria práticas pouco ortodoxas de manuseio de verbas destinadas à pesquisa científica.


Texto Anterior: Educação: Verba de pesquisa é desviada na USP
Próximo Texto: Saúde: Ministério investiga hospital da Unicamp
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.