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INFÂNCIA
Crianças, que estavam desaparecidas, teriam sido trocadas por material de construção e cestas básicas
Polícia investiga adoção feita por deputado
WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, em Curitiba
A Polícia Civil do Paraná investiga a adoção ilegal de um casal de
gêmeos pelo deputado estadual
Edson da Silva Praczyk (PL-PR).
Os bebês foram trocados pela
mãe biológica em dezembro de
98, segundo ela, por material de
construção e cestas básicas dados
por um casal que ela disse ser desconhecido.
Mas, insatisfeita por ter recebido menos do que o prometido,
denunciou a situação à polícia para recuperar a guarda dos filhos.
Segundo a polícia, a troca dos
gêmeos foi intermediada pela empregada doméstica Sirlene Aparecida Pinto, que está desaparecida.
O superintendente do Sicride
(Serviço de Investigação de
Criança Desaparecida), Renato
Ferreira, enviou ontem à presidência da Assembléia Legislativa
um ofício pedindo autorização
para ouvir Praczyk, que tem imunidade parlamentar e mantém
em sua casa as duas crianças, que
estavam desaparecidas até então.
Presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, Praczyk
registrou como sendo seus filhos
legítimos os gêmeos doados.
Marisa de Souza Taborda da
Maia, 35, e Natálio Firszt, 34, deram os filhos a um casal desconhecido em Campo Largo (região
metropolitana de Curitiba).
Arrependida, Marisa procurou
o Sicride em fevereiro para denunciar que um casal desconhecido havia levado os gêmeos.
Após quatro meses de investigação, a polícia chegou até o deputado e a mulher dele, Rosária
Tobias Praczyk, 36, que registram
no cartório do bairro Uberara, em
Curitiba, as crianças com os nomes de Moisés Tobias Praczyk e
Priscilla Tobias Praczyk.
No registro em que o deputado
e sua mulher declaram ser os pais
biológicos das crianças, consta
como data de nascimento 22 de
dezembro de 1998, um dia após os
gêmeos terem desaparecido.
Ferreira afirmou que o deputado desrespeitou os artigos 242 do
Código Penal e 238 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, que
prevêem até quatro anos de prisão por registro falso de criança,
em caso de condenação.
Praczyk não foi encontrado pela
Agência Folha. Seu advogado, José Antonio Brito, disse que o deputado "não tinha consciência do
erro" ao registrar como sendo
seus filhos os gêmeos considerados desaparecidos pela polícia.
Segundo Brito, Praczyk entrou
com processo para fazer a adoção
legal dos gêmeos. "Ele pegou as
crianças porque elas corriam o
risco de morrer desnutridas."
Ferreira disse que os pais biológicos serão responsabilizados na
Justiça por terem feito "uma troca" com os filhos. A Agência Folha não conseguiu localizá-los.
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