|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEFONIA CELULAR
Até 2004, todas as estações deverão comprovar que operam dentro da regra para emissões eletromagnéticas
Antena terá limite para evitar dano à saúde
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Até meados de 2004, todas as
cerca de 14 mil estações rádio-base de telefonia celular instaladas
no país (antenas) deverão comprovar que operam dentro do limite de emissões eletromagnéticas previsto pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como seguro para a saúde humana e adotado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Após o prazo, operadoras cujas
estações estejam produzindo um
campo eletromagnético de mais
de 4,35 watts por metro quadrado
estarão sujeitas a penas que vão
de advertências e multas até a cassação temporária da concessão.
O regulamento que estabelece
limites para exposição a campos
eletromagnéticos, publicado em
julho deste ano, diz respeito também às antenas de televisão e radiotransmissores, mas é com relação aos celulares que deverá ter
seu maior efeito: tranquilizar a
população sobre os possíveis efeitos danosos das antenas à saúde.
O campo eletromagnético é
produzido pelas antenas quando
elas transmitem os dados para os
aparelhos de TV, rádio ou celular,
usando para isso uma potência.
A exposição acima do limite pode causar queimaduras, catarata,
alterações em marcapassos e válvulas cardíacas e precipitar paradas cardiovasculares e derrames.
O medo maior, porém, é que provoque ainda alterações neurológicas, de fertilidade e até cause câncer, principalmente em crianças.
Há pelo menos dois estudos que
relatam danos à saúde provocados não pelas antenas de celular,
mas pelo aparelho em si (que
também emite radiação): o livro
"O Celular e seus Riscos", do professor Vitor Baranauskas, titular
da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Unicamp;
e a dissertação de mestrado do engenheiro Mohit Gheyi na Universidade Federal da Paraíba.
Os resultados, entretanto, são
questionados por especialistas como o médico Renato Marcos Endrizzi Sabbatini, também professor da Unicamp. Ele afirma não
haver risco, citando estudos epidemiológicos feitos nos EUA.
Quanto às antenas, sustenta que
só oferecem perigo quando se sobe numa e se fica lá por horas.
Segurança
Enquanto não há estudos conclusivos sobre o assunto -a OMS
promete terminar um até 2005-,
países como a Itália adotam posturas mais restritivas, impedindo
que as antenas fiquem perto de
escolas, por exemplo.
Não é o caso do Brasil. "Obedecendo ao limite, a antena não causa nenhum efeito nocivo, onde
quer que esteja instalada. O fato
de ela estar distante nem sempre
significa segurança, porque o risco é causado pelo nível da potência", afirma Francisco Giacomini,
gerente-geral da Anatel.
A avaliação é compartilhada pelo presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo e ex-reitor
da USP, Antônio Hélio Guerra
Vieira, pelo presidente da Abricem (Associação Brasileira de
Compatibilidade Eletromagnética), Leonel Sant'Anna, e pelo representante para a América do
MMF (sigla em inglês do Fórum
de Fabricantes de Telefones Celulares), Norman Sandler. Eles participaram ontem do Seminário
sobre Radiações do Sistema de
Telefonia Celular.
Segundo Sant'Anna, nos últimos dez anos a Abricem mediu a
radiação em mais de 5.000 pontos
no país e nenhum deles estava sequer próximo do limite da OMS.
A Anatel também faz medições
desde o ano passado e diz não ter
encontrado irregularidades. Como tem só 500 fiscais, a agência
conta com denúncias, que podem
ser feitas pelo 0800-332001.
A Promotoria da Habitação de
São Paulo tem 33 investigações
sobre antenas de celular que funcionariam sem autorização da
prefeitura na capital. Já há três
ações civis públicas em curso. "É
muito mais fácil do que provar o
dano à saúde", diz o promotor
João Lopes Guimarães Jr.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Câmara: Vereadora quer combater racismo Índice
|