São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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VIOLÊNCIA

Corpos de dois rapazes foram encontrados no domingo no Guarujá

PM afasta suspeitos de matar jovens

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Quatorze policiais militares estão afastados de atividades operacionais enquanto a Corregedoria da PM investiga se entre eles estão os responsáveis pelo assassinato de dois adolescentes no Guarujá (litoral sul de São Paulo).
Crivados de balas, os corpos de Elton de Freitas Correia, 19, e Eliclênio do Nascimento Lima, 16, moradores de bairros de classe média baixa, foram achados na tarde de domingo em uma ribanceira, às margens de uma estrada.
Em dez dias, o caso é o segundo na Baixada Santista em que PMs são suspeitos de assassinato. Um cabo e um soldado são apontados pela Corregedoria como os responsáveis pelas mortes de dois outros jovens em Mongaguá.
Os corpos de Correia e Lima foram achados pela Polícia Militar às 17h de domingo à beira da estrada de Santa Cruz dos Navegantes, uma via com 6,5 km que dá acesso à praia da Pouca Farinha, onde vive uma comunidade pobre de cerca de 15 mil pessoas.
Um telefonema anônimo para a PM informou sobre os cadáveres. Supostas testemunhas disseram à polícia que, ao serem vistos pela última vez, os rapazes estavam em uma moto e foram abordados por policiais a bordo de uma Blazer da corporação.
Eles teriam sido espancados e colocados dentro do veículo. Um dos PMs supostamente acompanhou a Blazer, pilotando a moto, uma CG Titan cinza 125, placa 3447, do Guarujá, pertencente ao pai de Elton Correia.
Até o final da tarde de ontem, a moto não havia sido localizada, de acordo com o delegado Vanderlei Mange, que comanda as investigações. Os documentos pessoais das vítimas e os da moto, que estavam em poder dos rapazes, também desapareceram.
Segundo familiares de Correia, ele tinha o hábito de sair com a moto mesmo sem ter carteira de habilitação. Por isso, já teria sido abordado por policiais.
O corregedor-adjunto da PM, coronel Paulo Máximo, disse que os 14 afastados temporariamente -um tenente, um sargento, um cabo e 11 soldados- são os policiais que, naquele dia, estavam de plantão no Guarujá e trabalharam com veículos do tipo Blazer.
Ontem, ao depor à Corregedoria, nenhum deles admitiu ter visto os adolescentes. Ao mesmo tempo, uma equipe da Corregedoria apurava o caso no Guarujá.

Perícia
De acordo com o coronel, os 14 homens tiveram as armas apreendidas. Um exame pericial vai comparar a munição dessas armas com as balas que atingiram as vítimas e com os projéteis achados junto aos cadáveres.
Ao contrário do caso de Mongaguá, no qual os PMs, indiciados em inquérito, estão presos, Máximo afirmou que ainda não é possível concluir que os assassinos dos rapazes estejam entre os 14 policiais. "Não há convicção. Existe só uma suspeita", disse.
O delegado Mange afirmou que três veículos Blazer da PM do Guarujá foram periciados. Em amostras de eventuais vestígios de sangue, serão feitos exames de DNA a fim de se constatar se pertenciam aos rapazes.
O comandante da PM na Baixada Santista, coronel Marco Antonio Moysés, disse que, se comprovada a culpa de policiais nos casos de Mongaguá e do Guarujá, "terá sido uma infeliz coincidência".
Ele descartou a hipótese de que métodos violentos de abordagem eventualmente praticados por PMs da região estejam na origem de atos de abuso de autoridade que culminam em assassinatos.


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