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Litoral vive crise de falta de saneamento
Índices de coleta e tratamento de esgoto do litoral norte não passam de 30%; esgoto chega aos rios e córregos e polui a praia
Migração gerou a formação de favelas que persistem principalmente entre Santos e Ubatuba; prefeituras tentam conter invasões
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas do início da exploração da camada de petróleo
no pré-sal -que deve injetar bilhões de reais em investimento
nos próximos anos-, o litoral
paulista enfrenta os maiores
problemas socioambientais do
Estado, com favelas e sem saneamento básico adequado,
que fica mais evidente quando
a poluição leva à proibição de
banhos em praias.
O problema de saneamento é
crônico e mais grave no litoral
norte, região de maior crescimento populacional do Estado,
segundo a Sabesp. Ali, os índices de coleta e tratamento de
esgoto não passam de 30%. O
esgoto chega aos rios e córregos
e polui a água nas praias.
No final dos anos 90, o governo de São Paulo, ainda na gestão Mario Covas (PSDB), lançou um programa que prometia melhorar esses índices, mas
que teve pouco efeito prático.
No mês passado, o governo
voltou a se comprometer. Segundo a gestão José Serra
(PSDB), serão aplicados R$ 240
milhões no litoral norte, o que
subirá os índices de esgotamento na região para 85%.
Em maio, o programa foi iniciado na Baixada Santista, atingindo valores totais de R$ 1,47
bilhão em verbas. Entre as novas obras, a Sabesp pretende
construir o emissário submarino de Ilhabela, onde o sistema é
o mais precário.
Além da falta de investimentos, há a ocupação desenfreada,
que levou à derrubada da mata
atlântica, ao aterramento de
mangues e à construção de favelas, que, sem saneamento,
aumentam ainda mais a poluição nessas áreas.
Atraída pela demanda da
construção civil, na década de
1970, a migração gerou a formação de núcleos de favela que,
quase quatro décadas depois,
persistem principalmente entre Santos e Ubatuba.
Somente no núcleo México
70, bairro de São Vicente que
mescla casas e favelas, há 14 mil
famílias, segundo a Secretaria
de Estado da Habitação. Em
Cubatão, há um programa à espera de recursos para urbanizar a Vila dos Pescadores, onde
vivem 12 mil habitantes.
Moradia precária
Em São Sebastião -só Maresias tem cerca de 4.000 pessoas
morando no morro- e Ubatuba, as prefeituras tiveram que
"congelar" as áreas de invasão
para conter o fluxo. Em Caraguatatuba, segundo o Censo
2000, um quinto das casas estava sem infra-estrutura urbana adequada.
O governo começou a combater o problema pela região
das Cotas, em Cubatão. Segundo Maria Tereza Silveira, assessora direta do secretário da Habitação, serão remanejadas das
Cotas 5.000 das 7.500 famílias,
em nove núcleos, ao custo de
R$ 600 milhões, incluindo a
reurbanização de bairros.
No restante do litoral, técnicos do Estado, ao lado das prefeituras, avaliam quantas famílias podem ser mantidas e quais
devem ser deslocadas.
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