São Paulo, sábado, 10 de outubro de 1998

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Verba restante cairia 40%

da Reportagem Local

A verba que deve ser cortada do orçamento da Saúde deste ano -R$ 1,120 milhão- corresponde a cerca de 40% dos recursos que ainda restam para serem gastos nos próximos três meses, até o fim do ano.
O corte é tido como "inaceitável" pelo Conselho Nacional de Saúde e ainda está sendo discutido pelo Ministério da Saúde e pela equipe econômica do governo.
Segundo o secretário-executivo Barjas Negri, o ministério ainda tem até o início do mês de novembro para definir a quantia final a ser cortada. Ele afirmou que não poderia antecipar nenhuma previsão sobre o resultado das negociações.
"Posso falar muito pouco sobre os cortes, pois ainda não definimos como vai ficar a situação", diz Negri.
A determinação de cortes na área causou um início de crise entre o ministro José Serra e a área econômica do governo.
Serra reclamou em público dos cortes e disse que tentaria reduzi-los junto à equipe econômica. Anteontem, o secretário Barjas Negri afirmou que não haverá dinheiro para pagar atendimentos e internações dos hospitais ligados ao SUS a partir de dezembro se o governo não liberar os R$ 600 milhões pedidos para suplementação das verbas da pasta.
A não-liberação das verbas poderá aumentar a quantidade a ser cortada do setor. A perda então seria de R$ 1,7 bilhão.
O valor previsto no orçamento para as internações e atendimentos hospitalares é de R$ 8,8 bilhões. Os hospitais fazem o serviço e são reembolsados pelo governo.
Na avaliação do Sindhosp (Sindicato dos Hospitais e Santas Casas do Estado de São Paulo), se os cortes no pagamento das internações realmente ocorrerem, o setor viverá um "caos".
Na opinião do presidente do conselho dos secretários municipais de Saúde, Gilson Cantarino, "se o ministério não ganhar a queda-de-braço com a equipe econômica, não vai dar para manter o setor".
Mesmo com a implantação da CPMF, defendida pelo ex-ministro Adib Jatene como a principal solução para saldar as dívidas acumuladas com os hospitais, o ministério precisou de dois anos para conseguir pagá-las.
Hoje, a CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentações Financeiras) corresponde a 38% do total de fontes financiadoras da Saúde.



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