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LEIS
Campanha combate sites de pornografia infantil
EUNICE NUNES
especial para a Folha
A veiculação
de pornografia
infantil pela Internet tem sido
um desafio para
as autoridades
do mundo todo.
Mas os primeiros resultados do combate a essa
prática já começam a aparecer.
Há um mês, uma investigação
internacional, coordenada pela
polícia inglesa, levou à detenção
de mais de cem pessoas acusadas
de estarem envolvidas em uma
quadrilha de pedofilia atuando na
rede mundial de computadores
(leia texto abaixo).
Por aqui há também algumas
ações, embora de dimensão menor. Segundo Antonio Tavares,
presidente da Abranet (Associação Brasileira de Provedores Internet), este ano a entidade tem recebido, por mês, de cinco a seis denúncias de pedofilia, que são encaminhadas à polícia para a devida
apuração.
Isso é resultado da campanha
"Pornografia Infantil N@o", lançada no final do ano passado pela
Abranet em conjunto com o Ministério Público do Estado de São
Paulo (Promotorias da Infância e
Juventude).
"Há poucas crianças brasileiras
nesses sites pedófilos. A maior
parte deles apresenta crianças do
Oriente. O nosso principal problema, pelo menos por hora, é o acesso fácil que nossas crianças têm a
esse material bizarro", informa
Maurício Antônio Ribeiro Lopes,
promotor da Infância e Juventude
em São Paulo.
O principal objetivo da campanha é alertar usuários e provedores sobre o problema, esclarecendo que compactuar com a veiculação de pornografia infantil é crime
na lei brasileira.
Além disso, os provedores que
vendem espaço na rede são orientados a incluir cláusulas em seus
contratos que determinem quais
as suas responsabilidades e quais
as do cliente.
Isso evita que o provedor venha
a responder criminalmente por
uma ação que não é sua, como
aconteceu na Bahia, no ano passado. Lá, lacraram um provedor por
que um dos seus assinantes mantinha uma página de pornografia
infantil.
"O controle da Internet é difuso
e cooperativo. Ela é transnacional,
descentralizada, livre de censura.
Apesar disso, o uso que alguns fazem dela suscita uma série de
questões do ponto de vista da ética
e também do direito penal", comenta Eduardo Muylaert, advogado criminalista.
Tudo parece caminhar para um
compromisso ético contra a veiculação de pornografia infantil pelos
provedores brasileiros. A Abranet
já está elaborando um projeto de
código de ética.
"Estamos tentando fazer com
que o provedor fiscalize seus clientes. Não queremos censura, mas
queremos garantias para resguardar o direito da criança à dignidade", diz Lopes.
Para Muylaert, é preciso consolidar a liberdade da rede mundial de
computadores, que hoje se constitui no maior instrumento de comunicação da humanidade.
Para inibir abusos, todos parecem concordar: a saída passa mesmo por esquemas de auto-regulamentação.
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