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Juiz ordena transferência de traficante
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
A Polícia Federal recebeu ordem
judicial para transferir da Casa de
Detenção de São Paulo para a penitenciária de Manaus (AM) o
maior traficante da Amazônia
preso nos últimos três anos -Antonio Mota Graça, 42, o "Rei do
Pó" ou "Curica".
A remoção contraria dossiê secreto da PF que alerta a Justiça sobre risco de fuga em Manaus. Ele
já fugiu uma vez, em São Paulo,
quando cumpria o segundo ano
da pena de dez anos de prisão, em
92. No dia 24, o juiz Casem Mazloum, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, ordenou a
transferência em 15 dias.
Mazloum entendeu que o documento da polícia não tem "nenhuma validade jurídica" e atendeu o pedido de transferência feita
pela advogada Silvana de Castro
Follone porque os familiares do
traficante moram em Manaus.
"Manter o sentenciado em estabelecimento penal longínquo de
sua família constitui forma de vedação do direito do preso de receber visitas, além de afrontar regra
constitucional e de direito internacional que proíbe a adoção de
pena cruel", afirma o juiz.
A preocupação da PF também
prende-se à fuga empreendida, em
97, por Jorge Mota Graça, irmão
do traficante. Jorge fugiu da penitenciária de Mato Grosso do Sul.
Ele cumpria pena pelo tráfico de
670 kg de cocaína apreendidos pela PF no dia 23 de outubro de 1995.
Por isso, a PF no Amazonas suspeita que a remoção vá permitir
nova fuga ou irá servir para que ele
retome, da cadeia mesmo, o comando do tráfico na região.
"Curica" foi recapturado em
maio de 97 em um posto de gasolina, a 70 km de São Paulo. Ele havia
sido condenado em agosto de 1991
a dez anos de prisão por tráfico de
cocaína e formação de quadrilha.
Cumpriu a pena na Casa de Detenção até dezembro de 92, quando fugiu ao ir depor em Itapecerica da Serra (SP) sobre a acusação
de autoria de um assassinato.
O dossiê secreto da PF afirma
que, após fugir, "Curica" tornou-se uma das três principais
fontes de escoamento da cocaína
distribuída pelo cartel de Cali, organização criminosa da Colômbia.
Nos arquivos da PF consta que
ele mantinha relações criminosas
com as famílias colombianas Rodrigues Orejuela, Santacruz Londono e Grajales, membros do cartel de Cali. Na versão da PF, ele seria sócio do colombiano Vicente
Wilson Rivera Ramos, envolvido
na apreensão de 7,5 toneladas de
cocaína em Tocantins em 95, a
maior feita pela PF até hoje.
No Amazonas, "Curica" é
apontado pela PF como dono de
uma rede de transporte de combustíveis. Mas a polícia nunca
conseguiu pôr as mãos em seus
bens, que foram transferidos para
parentes e amigos sem antecedentes criminais.
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