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CASO RICHTHOFEN
Réus confessos vão aguardar em liberdade o julgamento, ainda sem data marcada; pai teme a reação popular
Irmãos Cravinhos deixam prisão após 3 anos
LUÍSA BRITO
ENVIADA ESPECIAL A IPERÓ (SP)
Três anos após confessarem terem assassinado com barras de
ferro o casal Marísia e Manfred
von Richthofen enquanto eles
dormiam, os irmãos Cristian, 29,
e Daniel Cravinhos, 24, saíram
ontem às 15h40 da Penitenciária
Odon Ramos Maranhão, em Iperó (a 120 km de SP).
Os dois, assim como Suzane, filha do casal e que também confessou participação no crime, aguardarão o julgamento em liberdade.
Não há, porém, previsão de quando o caso irá ao Tribunal do Júri.
No banco de trás do carro dos
advogados, os dois deixaram a
prisão em silêncio. Vestindo camiseta e bermuda, aparentavam
tranqüilidade.
Os pais, em outro carro, foram
os únicos a acompanhar a saída
dos criminosos. Na rodovia Castello Branco, o carro em que os irmãos estavam, um Mercedes,
chegou a correr a mais de 150
km/h, despistando a imprensa.
Daniel, que namorava Suzane
na época do crime, e Cristian foram beneficiados por uma decisão do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), sob o argumento de que
não havia razões jurídicas suficientes para mantê-los na prisão.
A legislação autoriza manter o réu
preso até o julgamento em situações excepcionais -risco comprovado de o acusado coagir testemunhas, de fugir do país ou de
ameaça à ordem pública.
A decisão ocorreu quase quatro
meses após o mesmo STJ ter soltado Suzane.
Os dois irmãos serão julgados
por duplo homicídio triplamente
qualificado -motivo torpe, meio
cruel e impossibilidade de defesa
da vítima. Se condenados, poderão pegar até 62 anos de prisão.
O aposentado Astrogildo Cravinhos, 61, pai dos dois rapazes, disse estar feliz, mas preocupado
"com a reação das pessoas" diante
da decisão da Justiça. "Vamos
correr riscos", disse ele, lembrando que, logo após o crime, chegou
a ser agredido. "Jogaram pedra no
meu carro", disse. Ele diz que os
filhos sentem um "arrependimento monstro" pelo crime.
A mãe, Nadja, 59, estava chorando dentro do carro e não quis
falar com os jornalistas. O pai, que
é cardíaco, disse ter se medicado
antes de ir a Iperó por conta da
emoção. Ele lembrou que há exatamente três anos, em 9 de novembro de 2002, soube do envolvimento dos filhos no crime. O assassinato do casal ocorreu na madrugada do dia 31.
Comportamento exemplar
A direção da Penitenciária de
Iperó afirma que o comportamento dos irmãos Cravinhos era
exemplar. "Eles são educados e
respeitam as regras do presídio",
afirmou o diretor Flávio Alessandro Carneiro Timotéo de Oliveira.
Eles estavam na unidade havia
oito meses e eram os únicos presos não condenados do local.
O diretor disse que os irmãos
souberam pela TV da decisão do
STJ. "Falei com eles hoje [ontem]
de manhã e eles estavam eufóricos", contou Oliveira. Na cela onde estavam com dois outros presos, os irmãos tinham TV e rádio.
Os presos podem ficar das 7h às
11h e das 13h às 16h no pátio. Aos
domingos, eles recebiam a visita
dos pais e, algumas vezes, da avó.
Segundo o diretor, eles costumavam ficar no pátio, jogando
bola e conversando com outros
detentos. Não trabalhavam nem
ajudavam nos serviços dentro da
unidade, já que, por não terem sido julgados, o trabalho não serviria para reduzir o tempo de pena.
A penitenciária de Iperó tem capacidade para 852 presos, mas
abriga 1.230.
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