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Mãe cria site para ajudar doentes
DA REPORTAGEM LOCAL
A advogada Majô Mayer, 51,
usa a Internet para combater um
dos efeitos colaterais mais perversos da doença de Crohn: a falta de
informação.
De sua casa, ela mantém no ar
um site em que organiza dados
relacionados ao Crohn, coletados
desde que soube que sua filha Renata era portadora da doença.
Renata apresentou os primeiros
sintomas aos 14 anos, logo após a
morte de sua avó, mas o mal de
Crohn não foi diagnosticado.
Apenas quatro anos depois, em
1996, o diagnóstico correto foi feito. Renata acabara de voltar dos
EUA, onde fazia intercâmbio.
"Ela teve problemas com a família que a hospedou. Acho que
isso ajudou a manifestação da
doença", conta Majô, que diz
acreditar na influência de fatores
emocionais sobre a doença.
Uma renomada gastrocirurgiã
de São Paulo foi quem diagnosticou o caso. "Ela me disse que não
tinha cura e que Renata deveria
passar por uma cirurgia para retirar parte do intestino. Mas a gente
não queria fazer essa operação.
Quis saber mais sobre a doença."
Majô entrou em contato com
outros médicos e com amigos que
trabalhavam em laboratórios farmacêuticos. Começou a coletar
material clínico sobre a doença,
enquanto Renata se tratava.
"Também fui procurar informações na Internet. Foi quando vi
que não existiam sites sobre
Crohn em português", diz.
Ela resolveu, então, que iria dividir tudo o que havia aprendido
por meio da rede. "Fiquei sabendo que o Geocities (um portal de
Internet) hospedava sites de graça. Não sabia criar páginas, demorei umas três horas, mas consegui pôr a minha no ar."
Na medida em que conseguia
mais informações, Majô atualizava seu site. Além de concentrar
material sobre Crohn, artigos,
conselhos médicos e dicas sobre
alimentação, a página abriu espaço para que outras pessoas relatassem sua experiência pessoal e
fizessem perguntas.
Desde 97, milhares de pessoas
visitaram a página de Majô e trocaram informações. Somente
uma vez o contato saiu do virtual.
"Um senhor do Rio de Janeiro,
cujo irmão sofria da doença, me
mandou mensagens que mostravam que ele estava desesperado.
Foi a única vez que dei meu telefone para alguém", diz.
Hoje, essa seção interativa do site é a única a ser atualizada. "Reuni bastante material, se acontecer
alguma coisa nova, eu coloco no
ar", diz.
(GW)
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