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Para coordenador, acordo é possível
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Evitando ampliar a polêmica, o
coordenador de DST/Aids do Ministério da Saúde, Alexandre
Grangeiro, destacou a parceria da
Igreja Católica no combate à
doença e falou da possibilidade de
um acordo: a coordenação não
trata das questões católicas e a
igreja não questiona a competência da pasta para determinar políticas públicas de saúde.
"Temos um excelente diálogo
com a igreja. Desde o início da
epidemia, a igreja montou diversas casas de apoio, desenvolve
projetos de prevenção. Tem uma
atuação forte. Neste momento a
pastoral de Aids lança uma campanha para incentivar a população a fazer o diagnóstico. Para
nós, é um diálogo consistente."
O temor da pasta é que uma reação exagerada de setores conservadores da igreja prejudique, por
exemplo, o trabalho que é desenvolvido com as pastorais, que, silenciosamente, adotam em materiais de prevenção informações
sobre o risco do sexo sem proteção -amparadas pela convenção
de cúpula da CNBB de 2000,
quando o preservativo foi considerado, dos males, o menor.
Grangeiro disse que não é possível, em estratégias de prevenção
de massa, adotar o discurso católico. "A política de saúde pública
deve estar voltada para todos os
cidadãos. Não podemos falar numa campanha para a população
em geral que fidelidade é um bom
método de prevenção." Ele afirma, por exemplo, que parte das
mulheres que contraíram Aids diz
ter tido poucos parceiros.
Carta
Segundo Grangeiro, a carta
aberta deve ser contextualizada.
Afirma que foi uma resposta ao
Ministério Público. O texto foi
construído a partir de orações do
papa sobre confissões de culpa e
pedidos de perdão e estudos sobre o assunto. A coordenação tentou mostrar, diz Grangeiro, que a
ONG autora do vídeo apenas reproduziu ações que foram efetivamente revistas pela igreja e alertou para o risco do mesmo acontecer com o veto à camisinha.
Na representação feita à Promotoria, a Arquidiocese do Rio contesta a segurança das camisinhas,
mas sobretudo o conteúdo supostamente injurioso do comercial.
"O que fizemos é nada mais do
que ampliar o debate para que a
população possa fazer uma avaliação, na perspectiva histórica, e
de fato tentar fazer com que a
igreja se engaje mais na prevenção da Aids", disse Grangeiro.
Ele afirmou que não faria juízo
sobre a posição da igreja, mas
"um pedido" de colaboração.
"Estamos diante de uma epidemia. Todos os órgãos, OMS (Organização Mundial da Saúde),
Nações Unidas para a Aids, reconhecem como método mais eficiente de prevenção o uso da camisinha. Qualquer discussão que
fragilize isso vai aumentar a vulnerabilidade."
(FABIANE LEITE)
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