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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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Marta vai processar vereador que acusou colegas de receber "mesada"

DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) vai processar o vereador Gilberto Natalini (PSDB) por sua declaração de que 40 dos 55 vereadores paulistanos recebem "mesada" do Executivo para aprovar projetos do interesse da administração.
O secretário dos Negócios Jurídicos, Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira, afirmou que serão duas ações, conduzidas pelos advogados particulares de Marta. Uma, na área civil, pedirá ressarcimento por dano moral. A outra, criminal, será por calúnia -atribuir a alguém (no caso, Marta) uma ação que a lei define como crime.
A declaração, feita em uma reunião fechada com 30 pessoas, foi gravada por um jornal de bairro, sem autorização de Natalini. Segundo a Folha apurou, a fita chegou a ser oferecida a vereadores em troca de dinheiro.
A frase continua provocando revolta entre vereadores, que pedem a cassação. Ele é alvo de processo na corregedoria. Uma das mais exaltadas, a vereadora Claudete Alves (PT) falou: "Se não corresse o risco de ser cassada, dava uma tamancada na cabeça dele". No plenário, a petista chegou a protagonizar um bate-boca com Natalini durante a tarde.
O presidente da Câmara Municipal, Arselino Tatto (PT), afirmou que a frase do tucano "é revoltante, é enojadora, é uma coisa da pior espécie". No dia anterior, antes de ouvir a declaração, Tatto dizia confiar em que Natalini tivesse falado "sem convicção".
O líder do governo, João Antonio (PT), resumiu o sentimento geral de seus colegas: "Está se chegando a um nível em que os 40 estão vendo que não há outra opção a não ser levar às últimas consequências [uma cassação]".

Sem medo
Natalini afirma que Marta tem o direito de processá-lo, mas que vai se defender. O tucano não confirma as denúncias e diz que foi um desabafo.
Questionado se recua de suas declarações, afirmou: "É um problema pessoal, ninguém pode me impedir de sentir. Não é uma sensação só minha, é generalizada na cidade". Sobre a eventual cassação, fala que está "tranquilo" e diz: "Medo é um sentimento que não mora na minha alma".
O vereador afirmou que nunca faz ataques pessoais e que sua atuação se baseia em três pilares: ética, democracia e justiça social. "Se eu for criminoso por defender esses três princípios, o mundo está de cabeça pra baixo." (PDL)


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