São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Pelo menos dez boletins de ocorrência foram registrados por casos de furtos de fios de cobre no Fura-fila

Canteiro de obras é alvo de criminosos

DA REPORTAGEM LOCAL

Centenas de fios de cobre furtados, pelo menos dez boletins de ocorrência registrados, dois homens presos em flagrante, vigias assaltados. Esse é o saldo do abandono das obras do Fura-fila nos últimos dois meses.
Principal promessa da campanha de Celso Pitta (PTN), a obra é alvo de ladrões desde que teve sua construção interrompida, em 10 de novembro.
De lá para cá, no lugar onde hoje deveriam ser transportados 70 mil passageiros diariamente, encontram-se cachorros, cobertores, papelão e garrafas plásticas.
Durante o dia, moradores de rua aproveitam o espaço para dormir. Luiz Bezerra Galindo, 24, por exemplo, tira seu cochilo diário, das 13h às 16h, na altura do parque D. Pedro. "Almoço e venho descansar aqui, enquanto espero a janta", diz. "À noite eu não arrisco de jeito nenhum."
O temor de circular pelas obras após as 19h é pela presença de ladrões e de usuários de drogas. Os vigias da Concretex, empresa que fornecia concreto para o Fura-fila, sabem muito bem o que é isso.
Como trabalham desarmados, dois deles já tiveram dinheiro, relógio e passes roubados. Francisco Benedito da Silva, 37, conta que, em seus plantões noturnos, já cansou de ouvir gritos de mulheres que estariam sendo estupradas. "A gente passa a noite inteira rezando para chegar o dia seguinte", afirma Silva, que evita usar sua farda à noite "para não ficar visado".
Nem mesmo os seguranças da SPTrans, que cuidam de 3 km da construção, do parque D. Pedro à praça Alberto Lion, são suficientes para inibir as ocorrências.
No 8º DP (Brás-Belém), dois homens estão presos após serem flagrados furtando fios de cobre do Fura-fila. Além dessas, outras oito ocorrências já foram registradas, a última delas no sábado passado.
Segundo o presidente da SPTrans, Carlos Carmona, a responsabilidade é da empreiteira Queiroz Galvão. "Quando a obra for retomada, ela terá que arcar com os fios roubados." (AI)


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