São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2002

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BARBARA GANCIA

Humorista faz esquete premonitório

Nos EUA, George Carlin é tido como ícone. Por estas bandas, o humorista, escritor, cantor e ator (ele fez o clérigo louco por publicidade de "Dogma") é praticamente desconhecido.
Assim como outros mitos da contracultura norte-americana, tipo Lenny Bruce ou o publisher da "Hustler", Larry Flynt, Carlin também adora testar limites da 1ª Emenda, aquela, você sabe, que fala da liberdade de expressão.
Aos 62 anos, ele mais parece um hippie de fila de FGTS: meio careca, cabelos e barba brancos e eterno rabo de cavalo.
Mas está longe da fila da aposentadoria. Seus shows de humor continuam a lotar teatros e seus livros, vira e mexe, aparecem na lista dos mais vendidos do "The New York Times".
Outro dia recebi o CD de um show que Carlin fez em 1999 -é importante que o leitor guarde essa data em mente.
Um dos esquetes chama-se "Segurança em Aeroportos". Fiquei pasma quando ouvi e gostaria de compartilhar do conteúdo com o nobre leitor. Sinta só:
"A segurança nos aeroportos me irrita. Sujeitos com QIs de dois dígitos, e salários de três, insistem em vasculhar sua mala. Eles não sabem que os terroristas já conhecem o procedimento e deixaram as bombas em casa? (...)"
"A inspeção a que somos submetidos antes de entrar no avião não tem lógica. Eles não deixam você embarcar com armas, mas com faca ou estilete, tudo bem."
"Aliás, sinta-se livre para embarcar com uma tesoura, um picador de gelo e até uma garrafa de uísque quebrada. Contanto que sua mala de mão caiba debaixo do assento ou no compartimento acima da cabeça, ninguém irá reclamar."
"E, se você não conseguiu embarcar com seu revólver, relaxe. Pouco tempo após a decolagem eles irão servir a comida e lhe trarão uma faca. É só um talher, mas dá para matar o piloto com uma faca de mesa, não dá? (...)"
"Segurança em aeroportos é uma idéia estúpida, inventada para fazer brancos se sentirem seguros. É uma ilusão para aplacar a classe média. As autoridades sabem que é impossível controlá-la -gente demais tem acesso ao avião. Mas, mesmo que houvesse controle total, os terroristas ainda poderiam tornar a nossa vida mais interessante. Bastaria que colocassem antraz nos reservatórios de água ou gás sarin no ar-condicionado."
Pois é, meu caro leitor. Carlin disse tudo isso dois anos antes do terrível 11 de setembro.

QUALQUER NOTA

Eterno efeito Orloff
Quando os Citybanks e Santanders da vida começarem a sentir na carne o tranco da falência argentina, irá sobrar para nós. Ou seja, quem não quiser ir direto da gargalhada ao choro, que engavete desde já o escárnio velado em relação ao país vizinho.

Pior amigo
Bill Clinton pode ter criado a filha Chelsea muito bem. Mas em matéria de animais de estimação, deixa a desejar. Enquanto o ex-presidente e Hillary estavam viajando, o cão Buddy morreu atropelado. E o gato Socks foi enxotado. Está morando com a ex-secretária de Bill.
E-mail - barbara@uol.com.br
Internet: www.uol.com.br/barbaragancia/


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