São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

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CONSUMO

Mil produtos estavam em situação inadequada

Alimentos vencidos são apreendidos em loja do Wal-Mart em Santo André

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Tudo começou com um pote de geléia vencido, apresentado anteontem à polícia pelo vendedor Rafael Laporte, consumidor do supermercado Wal-Mart da avenida dos Estados, em Santo André (Grande São Paulo). Horas depois, foram apreendidos na loja cerca de mil alimentos armazenados em temperatura inadequada e vencidos.
Três gerentes do supermercados foram detidos na segunda-feira e levados para a delegacia. Na madrugada de ontem, foram liberados depois do pagamento de fiança. A polícia não divulgou os nomes dos gerentes.
"Verificamos vários outros potes vencidos em novembro, como salsicha, queijo, chocolate. Os policiais foram à seção dos congelados e verificaram que estavam moles. Em seguida, chamamos a Vigilância Sanitária. Eles constataram, por exemplo, que o peito de peru, que deveria estar a 8C, estava com temperatura muito elevada, a 20C", afirmou o delegado Georges Amauri Lopes, titular do Setor de Investigações Gerais da Delegacia Seccional de Santo André.
Na sexta-feira, dia 6 de janeiro, a prefeitura da cidade já havia apreendido cerca de 2.000 produtos considerados fora da temperatura adequada na loja do Carrefour da avenida Pedro Américo.
Neste caso, o alerta foi feito diretamente por um consumidor à Vigilância Sanitária da prefeitura. Ele havia comprado frango em pedaços na loja e encontrou bolor ao abrir a embalagem.
Em julho do ano passado, um gerente da mesma loja do Carrefour foi levado à delegacia depois de uma consumidora passar mal após consumir queijo comprado no local com data de validade vencida.
A polícia apontou à época que funcionários vinham adulterando as embalagens quando os alimentos venciam. Dias depois, houve nova apreensão de produtos vencidos, desta vez na loja do Carrefour em São Caetano do Sul, também na Grande São Paulo.
Segundo o delegado, não há sinais de atuação de uma quadrilha até o momento. Ele afirmou que os gerentes do Wal-Mart responderão por crime contra relação de consumo, cuja pena prevista varia de dois a cinco anos de detenção mais multa.
A Vigilância Sanitária disse que o supermercado terá dez dias para recorrer da autuação. Segundo Sônia Oliveira Barbosa, gerente da Vigilância Epidemiológica e Sanitária de Santo André, caso fique comprovado o envolvimento da loja, ela poderá ter de pagar uma multa, cujo valor é variável conforme a conclusão do órgão sobre o caso.
De acordo com Barbosa, as blitze em supermercados fazem parte da rotina da Vigilância Sanitária e também podem ser acionadas por denúncias de pessoas que notarem irregularidades. A gerente diz que um dos sinais para o consumidor desconfiar do produto é o preço muito baixo. Como exemplo, ela citou o caso dos pedaços de frango comprados no Carrefour, que estariam com preços promocionais.
"O congelado tem de estar duro, a caixa não pode estar desmanchando, molhada, ou com aspecto de que recongelou", disse Barbosa. Ela também recomendou que "a população busque sempre os seus direitos e reclame".


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