São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

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VIOLÊNCIA

Ladrão também não sobreviveu a troca de tiros ocorrida por volta das 7 h depois de um seqüestro relâmpago

Tiroteio na Vila Nova Conceição mata policial

DA REPORTAGEM LOCAL

Um policial civil e um criminoso morreram após trocarem dez tiros em uma rua da Vila Nova Conceição, bairro nobre da zona oeste de São Paulo. O tiroteio ocorreu por volta das 7h de ontem, depois que o policial reagiu a um seqüestro relâmpago. Um outro suspeito de participação no crime foi preso.
Segundo a Polícia Civil, o investigador do 51º DP (Butantã) Juarez Marques dos Santos -que havia feito 40 anos anteontem- estava em um Honda Civic na rua Domingos Fernandes, com um amigo, quando Celso Ricardo Simplício da Silva, 29, armado, entrou no veículo e anunciou o seqüestro relâmpago.
Silva pegou carteiras, relógios e celulares. Depois de percorrerem poucas quadras, o policial e o criminoso desceram do carro na rua João Lourenço e dispararam cinco tiros cada um.
A polícia não soube informar quem disparou primeiro. Santos foi levado ao Hospital São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Já o criminoso foi socorrido por um cúmplice que, segundo a polícia, seguia o carro seqüestrado em um Tempra. Silva foi levado por Igor Sobral Lima, 24, ao Hospital Santa Paula, onde morreu.
Depois de deixar Silva, Lima foi para a casa de sua namorada para, ainda de acordo com a polícia, trocar de roupa e deixar a arma. Em seguida, ele voltou ao carro para levá-la ao trabalho.
As imagens de Lima e do Tempra, no entanto, foram gravadas pelo circuito interno de vídeo do hospital. Ainda pela manhã, o carro foi localizado pela polícia na avenida Faria Lima e ele foi preso com sua namorada.
Lima negou que tenha participado da ação, mas a polícia encontrou na casa de sua companheira roupas sujas de sangue -as mesmas que foram filmadas pelo circuito interno- e uma arma roubada.
Tanto Santos quanto Lima já haviam sido presos e respondiam por um processo por roubo em liberdade. A namorada de Lima, Alessandra Prudente Perri, que afirmou não ter conhecimento sobre o seqüestro relâmpago, foi detida por porte ilegal de arma.

Reação
Apesar do desfecho, a reação de Santos ao seqüestro relâmpago foi defendida pelo delegado titular do 15º DP (Itaim Bibi), Mauro Guimarães Soares, onde o caso foi registrado.
"Ainda não se sabe com detalhes o que ocorreu naquele momento. Mas um policial, nessa situação, é melhor que reaja. Se o criminoso descobre que ele é policial, atira com certeza."
De acordo com a sobrinha de Santos, Elizabete Gomes, 32, o investigador era policial há 19 anos. "Se ele reagiu, não foi por imprudência. Ele sempre foi muito cauteloso. Na academia que freqüentava, dizia que era comerciante, não policial. E dizia para que nós, quando o encontrássemos na rua em serviço, não fôssemos falar com ele. Fazia tudo isso para proteger a família", afirmou.
A irmã de Santos, Liliane Marques dos Santos, declarou que seu irmão havia deixado a faculdade de direito para ingressar na carreira policial. "Era a vocação dele", afirmou.

Zona oeste
De acordo com dados do Infocrim -a base de dados informatizada das ocorrências registradas em São Paulo- relativos aos primeiros sete meses do ano passado, a zona oeste é a recordista em seqüestros relâmpagos na cidade. Ontem, a Secretaria da Segurança Pública não divulgou o balanço atualizado sobre o crime.
Dos 698 casos registrados de janeiro até o início de agosto, 404 ocorreram naquela área. A zona sul foi apontada como a segunda região mais problemática, com 180 casos.
As vias que registraram mais casos foram as avenidas Giovanni Gronchi (dez casos), Eliseu de Almeida (nove) e Heitor Penteado (sete), localizadas na zona oeste, e a estrada do Alvarenga (sete), na zona sul.


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