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Países lusófonos da África não têm data para adotar Acordo
Até as nações que já ratificaram o texto, como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, ainda não têm prazo para adotá-lo
Em Angola e Moçambique, que não validaram a reforma, foram criadas comissões para discutir diretrizes -incluindo as metas para ratificá-la
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
No Brasil, a discussão sobre o
Acordo Ortográfico está em alta: desde o fim de 2008, editoras têm lançado livros com as
novas normas, meios de comunicação adotaram a nova grafia
e escolas afirmam que vão ensinar, a partir deste ano, o fim do
trema, entre outras mudanças
impostas pelo Acordo, que aqui
entrou em vigor no dia 1º.
Com exceção de Portugal, os
outros países que ratificaram o
Acordo -Cabo Verde e São Tomé e Príncipe- parecem não
estar dando muita bola para a
mudança na ortografia. As demais quatro nações lusófonas,
que assinaram o Acordo, mas
ainda não o validaram, também
desconsideram as novidades.
Apesar de já terem ratificado
o texto, Cabo Verde (em 2005)
e São Tomé e Príncipe (em
2006) não decidiram ainda até
quando a antiga grafia valerá e
nenhum de seus órgãos oficiais
adotou a mudança. "Ah, no Brasil vocês já adotaram, é?", perguntou o ministro da Educação
e Cultura de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, quando a
Folha falou com ele por telefone. "Aqui nós não começamos."
Ele disse que precisa "acertar
os ponteiros das agulhas" para
estipular um prazo de adaptação. "Brevemente estarei em
contato com Cabo Verde e Portugal para acertar os pontos."
Em Cabo Verde, é semelhante.
"Ainda não se deu nenhum passo significativo", disse Benvindo Tavares, diretor do gabinete
do Ministério da Cultura. "Tudo continua como dantes."
Já em Portugal, onde a transição também começou no dia
1º, o "Diário da República", espécie de "Diário Oficial" lusitano, já é publicado com a nova
grafia, segundo o Ministério
dos Negócios Estrangeiros. Entretanto, a preocupação em implementar o Acordo não é como no Brasil. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, "Portugal tem tempo, pode
ir devagarinho", em relação ao
prazo de adaptação, que vai até
o final de 2014 -no Brasil, que
tem menos palavras modificadas, o limite é até o fim de 2012.
Em Angola e Moçambique,
que não validaram o Acordo,
foram criadas comissões para
discutir as diretrizes -inclusive prazos para ratificá-lo- e
disseminá-las entre a população. "Estamos a falar de um
país em vias de desenvolvimento", justifica Albertina Moreno,
diretora-adjunta do Instituto
Nacional de Desenvolvimento
da Educação, órgão ligado ao
Ministério da Educação e Cultura de Moçambique.
Joaquim Cabral, chefe do
Departamento de Ensino Geral
do Ministério da Educação e
coordenador da reforma em
Angola, disse que "as pessoas
praticamente não têm conhecimento [do Acordo] aqui".
À Folha o cônsul honorário
da Guiné-Bissau no Brasil,
Tcherno Ndjai, disse que não
teria como saber sobre o Acordo, pois o governo está em
transição. Segundo a Comunidade de Países da Língua Portuguesa, Timor Leste não assinou o Acordo porque se tornou
independente há pouco tempo.
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