São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2009

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Países lusófonos da África não têm data para adotar Acordo

Até as nações que já ratificaram o texto, como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, ainda não têm prazo para adotá-lo

Em Angola e Moçambique, que não validaram a reforma, foram criadas comissões para discutir diretrizes -incluindo as metas para ratificá-la

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

No Brasil, a discussão sobre o Acordo Ortográfico está em alta: desde o fim de 2008, editoras têm lançado livros com as novas normas, meios de comunicação adotaram a nova grafia e escolas afirmam que vão ensinar, a partir deste ano, o fim do trema, entre outras mudanças impostas pelo Acordo, que aqui entrou em vigor no dia 1º.
Com exceção de Portugal, os outros países que ratificaram o Acordo -Cabo Verde e São Tomé e Príncipe- parecem não estar dando muita bola para a mudança na ortografia. As demais quatro nações lusófonas, que assinaram o Acordo, mas ainda não o validaram, também desconsideram as novidades.
Apesar de já terem ratificado o texto, Cabo Verde (em 2005) e São Tomé e Príncipe (em 2006) não decidiram ainda até quando a antiga grafia valerá e nenhum de seus órgãos oficiais adotou a mudança. "Ah, no Brasil vocês já adotaram, é?", perguntou o ministro da Educação e Cultura de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, quando a Folha falou com ele por telefone. "Aqui nós não começamos."
Ele disse que precisa "acertar os ponteiros das agulhas" para estipular um prazo de adaptação. "Brevemente estarei em contato com Cabo Verde e Portugal para acertar os pontos." Em Cabo Verde, é semelhante. "Ainda não se deu nenhum passo significativo", disse Benvindo Tavares, diretor do gabinete do Ministério da Cultura. "Tudo continua como dantes."
Já em Portugal, onde a transição também começou no dia 1º, o "Diário da República", espécie de "Diário Oficial" lusitano, já é publicado com a nova grafia, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Entretanto, a preocupação em implementar o Acordo não é como no Brasil. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, "Portugal tem tempo, pode ir devagarinho", em relação ao prazo de adaptação, que vai até o final de 2014 -no Brasil, que tem menos palavras modificadas, o limite é até o fim de 2012.
Em Angola e Moçambique, que não validaram o Acordo, foram criadas comissões para discutir as diretrizes -inclusive prazos para ratificá-lo- e disseminá-las entre a população. "Estamos a falar de um país em vias de desenvolvimento", justifica Albertina Moreno, diretora-adjunta do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação, órgão ligado ao Ministério da Educação e Cultura de Moçambique.
Joaquim Cabral, chefe do Departamento de Ensino Geral do Ministério da Educação e coordenador da reforma em Angola, disse que "as pessoas praticamente não têm conhecimento [do Acordo] aqui".
À Folha o cônsul honorário da Guiné-Bissau no Brasil, Tcherno Ndjai, disse que não teria como saber sobre o Acordo, pois o governo está em transição. Segundo a Comunidade de Países da Língua Portuguesa, Timor Leste não assinou o Acordo porque se tornou independente há pouco tempo.


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