São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2009

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Igrejas emergentes se baseiam em SP e atraem jovens com cultos alternativos

Na tentativa de atrair modernos, roqueiros e até atores pornô, vale também divulgação pela internet

MAELI PRADO
RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA

Na sala ampla, repleta de pinturas estilizadas de figuras religiosas, os instrumentos de uma banda de rock estão a postos e um telão exibe slides que fazem referência ao papel de Jesus como revolucionário.
Nas pequenas mesas e sofás, alojam-se os fiéis: jovens tatuados que usam roupas modernas e estão atentos às palavras proferidas pelo representante comercial Hudson Parente, o pregador da noite, paramentado de calça jeans e tênis All Star.
Como tudo no Projeto 242, igreja localizada no número 900 da rua da Glória, no bairro da Liberdade em São Paulo, a pregação passa longe daquelas dos cultos de templos evangélicos tradicionais.
Criado há dez anos, o projeto marca a chegada a SP da chamada igreja emergente, movimento que nasceu na Inglaterra, na última década. É uma vertente que congrega denominações que começaram a oferecer cultos alternativos para jovens, unindo espiritualidade, cultura e vida em comunhão.
O próprio nome da igreja remete ao espírito de comunidade: é uma referência bíblica ao versículo 42 do capítulo 2 do livro dos Atos dos Apóstolos: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações". A divulgação da fé se dá por meio de sites, fotologs e blogs.
Os fiéis do 242 são jovens de classe média ou média alta, muitos deles profissionais de áreas ligadas à criatividade, como designers, publicitários e arquitetos. Acreditam nos valores mais estritos da moral cristã, como a virgindade.
Ao mesmo tempo, fazem parte de uma comunidade religiosa na qual não precisam mudar a linguagem, as roupas ou as preferências musicais para se assumirem como cristãos.
Praticam também a chamada "teologia da inclusão". "Jesus ama a todos", resume João Mossadihj, 25, o Jota, tatuagens nos braços, repetindo os dizeres dos 2.000 adesivos distribuídos na Parada Gay por ele e outros participantes do Sexxx Church, grupo que ajuda prostitutas e viciados em pornografia "a encontrarem Deus".
O Sexxx Church não se classifica como mais uma igreja. Seus 30 missionários são de diversas denominações, todos com um perfil parecido com o de Jota, que entrou para o 242 há quatro anos.

Plano divino
É justamente em busca de quem se "desviou" do cristianismo que iniciativas como o projeto Toque, uma ONG apoiada pelo 242, se aproxima de prostitutas, sem-tetos e crianças de rua na noite paulistana. "Acreditamos que, só por estar com eles, resgatamos sua dignidade", diz Fernanda Pinilha, 26. A integrante do projeto resume a opinião dos fiéis das igrejas emergentes sobre o homossexualismo: "Acreditamos que não é o plano de Deus, mas não podemos julgar".
Além da 242, há diversas denominações no Brasil voltadas para as tribos urbanas, como emos, góticos e metaleiros, entre outros (veja quadro).


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