São Paulo, segunda, 11 de janeiro de 1999

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Fiscal é suspeito de usar nome do cunhado para lavar dinheiro

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local

O Ministério Público de São Paulo já tem indícios de que o cunhado de Marco Antonio Zeppini, chefe dos fiscais da Regional de Pinheiros, está envolvido na lavagem do dinheiro que era obtido por meio da cobrança de propina de comerciantes.
Segundo o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) José Carlos Blat, João Alberto de Almeida Campos, o Joca, "emprestava" o seu nome para que Zeppini pudesse movimentar altas quantias em dinheiro em agências bancárias.
Joca seria o braço direito de Zeppini e responsável pela Autopeças Camppini, de Indaiatuba (110 km a noroeste de SP).
A empresa, que, segundo a família Zeppini, está fechada desde setembro por "problemas financeiros", continuou recebendo depósitos mensais da ordem de R$ 39 mil. Segundo o Ministério Público, os depósitos eram feitos com cheques de comerciantes da Regional de Pinheiros.
Segundo Blat, a Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) não tem dados sobre a existência da empresa.
"Isso aumenta as suspeitas de se tratar de uma empresa fantasma, utilizada para a lavagem do dinheiro", disse.
As provas estão sendo obtidas por meio da quebra do sigilo bancário de Zeppini e da empresa Camppini, de cheques microfilmados e da agenda apreendida com o fiscal.
Zeppini foi preso em flagrante, em 2 de dezembro, recebendo cheques de R$ 30 mil de uma comerciante. Em troca, ele iria isentá-la de multas do imóvel.
Segundo anotações feitas na agenda pelo próprio fiscal, no dia 27 de outubro, sob o título de "investimentos", Zeppini depositou R$ 20.470 para Joca e R$ 39.788 para a empresa.
De acordo com as anotações, entre os dias 15 de julho e 27 de outubro, Joca recebeu R$ 50.575 e a Camppini, R$ 90.421.
Os depósitos foram feitos com cheques de comerciantes de Pinheiros, cujo valor varia de R$ 500 a R$ 5.000.
Ao lado desses depósitos, Zeppini registra ainda como "investimentos" depósitos de aproximadamente R$ 20 mil mensais para a Sucatuba, outra empresa mantida em Indaiatuba, cujo faturamento mensal, segundo a Secretaria da Fazenda, é de R$ 300.
A Sucatuba, de acordo com Ministério Público, é de propriedade de Zeppini, em sociedade com o irmão Ivan Mauro Zeppini.
Um dos irmãos de Zeppini, Luis Cláudio Zeppini, disse que a Camppini, que funciona ao lado da Sucatuba, era de propriedade de Joca. "O Marco Antonio (Zeppini) só foi o fiador da empresa", disse. Segundo ele, a Camppini foi fechada há cerca de quatro meses.
"Parece que os negócios não foram muito bem e ele achou melhor fechá-la. Hoje, o Joca trabalha como empregado em um outro lugar", disse.
Ele afirmou que não sabia informar o nome da empresa em que Joca está trabalhando.



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