São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2001

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VIOLÊNCIA

Segundo Petrelluzzi, a existência de quadrilha em cadeias não surpreende, já que são locais em que se concentram criminosos

Para secretário, PCC não é "inusitado"

DA REPORTAGEM LOCAL

A existência do PCC não é uma coisa inusitada para o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi.
""Não me espanta que em qualquer cadeia tenha tentativa de organização por parte dos presos, porque, afinal, estamos tratando com criminosos", disse.
Segundo ele, a primeira vez que se falou nisso (PCC), falou-se como se fosse uma coisa escandalosa existir uma organização criminosa de presos. ""Se há um lugar fácil para ter uma quadrilha, é dentro de cadeia, porque ali, teoricamente, só tem marginal."
Para Petrelluzzi, não é novidade que haja pessoas que, mesmo dentro da prisão, tenham poder de articulação externa. De acordo com o secretário, os detentos recebem visitas, podem conversar. O secretário não quis comentar as suspeitas da Polícia Federal de que o PCC esteja ligado à megaquadrilha recém-descoberta.
Hoje, a Secretaria da Administração Penitenciária estuda meios de interferir no sinal de celulares usados dentro dos presídios, uma vez que eles continuam entrando nas unidades apesar da segurança existente. ""Tivemos contato com várias empresas que impedem o sinal de celular, mas não encontramos ainda um equipamento que funcione e que o preço seja compatível", afirmou o secretário da pasta, Nagashi Furukawa.
O secretário afirmou que os presos mais perigosos, incluindo os do PCC, estão sendo separados dos demais. Pelo menos 400 estão em Iaras, no interior.
Em 40 dias, a secretaria deve reativar o Centro de Reabilitação Penitenciária, em Taubaté, destruído no ano passado durante rebelião liderada pelo PCC e que terminou com nove mortos. Jonas Mateus, uma das lideranças da facção, disse ao "Agora São Paulo" que o PCC pagou R$ 25 mil a funcionários do presídio para que três pistolas fossem colocadas para dentro da unidade.
Em julho, uma outra unidade desse tipo será entregue em Presidente Bernardes. Além disso, em março, a Casa de Detenção do Carandiru começa a ser dividida em três presídios menores e independentes. Essa é apontada como uma das saídas para aumentar o controle sobre os presos.
Em 98, São Paulo chegou a ""exportar" para o Paraná supostas lideranças do PCC, em uma tentativa de desarticular a organização.
Os presídios têm outras facções. Há a Seita Satânica, no Carandiru, o CDL (Conselho Democrático da Liberdade), em Avaré, o Comando Jovem Vermelho da Criminalidade, entre outras. (AS)


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