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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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EDUCAÇÃO

Irritada, prefeita diz que críticas de ex-secretários e da imprensa parecem antecipação de campanha eleitoral

Marta nega ação de marketing em escolas

PALOMA COTES
ARMANDO PEREIRA FILHO

DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) rebateu ontem, de forma contundente, durante a inauguração de uma escola, críticas feitas por ex-secretários da Educação.
Reportagem publicada ontem pela Folha mostrou que dois dos ex-titulares da pasta, Fernando de Almeida e Nélio Bizzo, avaliam que ingerências de órgãos do governo e pressões por ações assistenciais de grande porte são dois dos principais empecilhos para coordenar a secretaria.
"Alguns jornais dizem que a prefeitura faz marketing dando uniforme e material escolar. Quem está em escola particular, como os donos de jornais, não precisam de dinheiro, não precisam de recursos a mais para comprar uniforme. Desde quando material escolar é marketing? Material escolar é a possibilidade de a criança chegar na escola em condição de aprendizagem. É marketing pra quem está no bem-bom, pra quem tem dinheiro sobrando e pra quem não olha pra necessidade de vocês, do povo da cidade de São Paulo", afirmou para cerca de cem pessoas, entre alunos, mães e professores, que estavam no pátio da Emef da Fazenda da Juta, Sapopemba (zona leste).
Marta também disse que as críticas feitas são uma espécie de antecipação da campanha eleitoral.
"A prioridade dessa prefeitura é educação. Até parece que já começou a campanha eleitoral. No dia em que gente começa a distribuir uniforme, os jornais todos caem matando, dizendo que não investimos nisso ou naquilo e que é campanha de marketing."

Prioridades
O presidente do Diretório Municipal do PT, Ítalo Cardoso, admite que a questão pedagógica, num primeiro momento, acaba relegada.
Segundo ele, se a cidade tivesse mais escolas e vagas, a preocupação sobre a qualidade de ensino já estaria em primeiro lugar.
"Infelizmente, temos de dar conta dessas questões. Uma das causas da evasão era falta de condições mínimas das crianças. Quando você deixar de se preocupar com isso, o secretário passa a poder pensar mais na questão estritamente pedagógica."
O líder do governo na Câmara e líder da bancada, João Antonio, diz que a educação é a área "mais tranquila" da administração. "É a mais bem avaliada". Segundo ele, a "educação inclusiva", com ações sociais, é o que o partido considera melhor para a cidade.
A ex-secretária da Educação de São Paulo Eny Maia, que deixou a pasta no começo do ano, discorda das críticas feitas contra a secretaria. Ela diz que existe um projeto pedagógico definido e que não há interferência no trabalho dos secretários.
"Há investimento na melhoria da qualidade. Foram colocados em capacitação 14 mil professores. Se não houvesse projeto pedagógico, não existiriam todas essas iniciativas de formação de professores", afirma Maia.
A falta de um projeto pedagógico, segundo sindicalistas, se manifesta na ausência de orientação específica para as escolas. Estariam faltando definições de como os professores devem atuar.
"Estamos no sistema de ciclos, mas a maioria continua trabalhando da maneira tradicional", diz a presidente do Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público, Marisa Lage.
Conforme a vice-presidente do sindicato dos professores e funcionários, Margarida Genofre, a Diretoria de Orientação Técnica (DOT), da secretaria, deveria estabelecer as atividades escolares, mas isso não aconteceria. A secretaria nega e diz que há reuniões periódicas de orientação.
A Folha apurou que a secretária interina da Educação, Maria Aparecida Perez, é uma das mais cotadas para assumir o cargo definitivamente. O chefe de gabinete da Secretaria das Finanças, Fernando Haddad, também é cotado.


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