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EDUCAÇÃO
Irritada, prefeita diz que críticas de ex-secretários e da imprensa parecem antecipação de campanha eleitoral
Marta nega ação de marketing em escolas
PALOMA COTES
ARMANDO PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita Marta Suplicy (PT)
rebateu ontem, de forma contundente, durante a inauguração de
uma escola, críticas feitas por ex-secretários da Educação.
Reportagem publicada ontem
pela Folha mostrou que dois dos
ex-titulares da pasta, Fernando de
Almeida e Nélio Bizzo, avaliam
que ingerências de órgãos do governo e pressões por ações assistenciais de grande porte são dois
dos principais empecilhos para
coordenar a secretaria.
"Alguns jornais dizem que a
prefeitura faz marketing dando
uniforme e material escolar.
Quem está em escola particular,
como os donos de jornais, não
precisam de dinheiro, não precisam de recursos a mais para comprar uniforme. Desde quando
material escolar é marketing? Material escolar é a possibilidade de a
criança chegar na escola em condição de aprendizagem. É marketing pra quem está no bem-bom,
pra quem tem dinheiro sobrando
e pra quem não olha pra necessidade de vocês, do povo da cidade
de São Paulo", afirmou para cerca
de cem pessoas, entre alunos,
mães e professores, que estavam
no pátio da Emef da Fazenda da
Juta, Sapopemba (zona leste).
Marta também disse que as críticas feitas são uma espécie de antecipação da campanha eleitoral.
"A prioridade dessa prefeitura é
educação. Até parece que já começou a campanha eleitoral. No
dia em que gente começa a distribuir uniforme, os jornais todos
caem matando, dizendo que não
investimos nisso ou naquilo e que
é campanha de marketing."
Prioridades
O presidente do Diretório Municipal do PT, Ítalo Cardoso, admite que a questão pedagógica,
num primeiro momento, acaba
relegada.
Segundo ele, se a cidade tivesse
mais escolas e vagas, a preocupação sobre a qualidade de ensino já
estaria em primeiro lugar.
"Infelizmente, temos de dar
conta dessas questões. Uma das
causas da evasão era falta de condições mínimas das crianças.
Quando você deixar de se preocupar com isso, o secretário passa a
poder pensar mais na questão estritamente pedagógica."
O líder do governo na Câmara e
líder da bancada, João Antonio,
diz que a educação é a área "mais
tranquila" da administração. "É a
mais bem avaliada". Segundo ele,
a "educação inclusiva", com ações
sociais, é o que o partido considera melhor para a cidade.
A ex-secretária da Educação de
São Paulo Eny Maia, que deixou a
pasta no começo do ano, discorda
das críticas feitas contra a secretaria. Ela diz que existe um projeto
pedagógico definido e que não há
interferência no trabalho dos secretários.
"Há investimento na melhoria
da qualidade. Foram colocados
em capacitação 14 mil professores. Se não houvesse projeto pedagógico, não existiriam todas essas iniciativas de formação de
professores", afirma Maia.
A falta de um projeto pedagógico, segundo sindicalistas, se manifesta na ausência de orientação
específica para as escolas. Estariam faltando definições de como
os professores devem atuar.
"Estamos no sistema de ciclos,
mas a maioria continua trabalhando da maneira tradicional",
diz a presidente do Sindicato dos
Especialistas de Educação do Ensino Público, Marisa Lage.
Conforme a vice-presidente do
sindicato dos professores e funcionários, Margarida Genofre, a
Diretoria de Orientação Técnica
(DOT), da secretaria, deveria estabelecer as atividades escolares,
mas isso não aconteceria. A secretaria nega e diz que há reuniões
periódicas de orientação.
A Folha apurou que a secretária interina da Educação, Maria Aparecida Perez, é uma das mais cotadas para assumir o cargo definitivamente. O chefe de gabinete da Secretaria das Finanças, Fernando Haddad, também é cotado.
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