São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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Professor da Unifesp defende as bulas mais "enxutas" e menos detalhadas

DA REPORTAGEM LOCAL

O médico Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, considera que a melhor bula de remédio é aquela que tem menos informações.
Para ele, dados que interessam apenas ao médico têm de ser omitidos. O folheto que acompanha o remédio deve trazer somente as orientações gerais para os pacientes.
"Se você põe numa bula que o remédio pode levar a suicídio, o paciente simplesmente não toma o medicamento. Ele fica atemorizado. Não dá para colocar na bula todos os efeitos colaterais", afirma Lopes.
O médico, que também é professor na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), conta a orientação que costuma dar. "Eu digo ao acompanhante do paciente: "Tira a bula, senão ele não toma o medicamento". Quantas vezes eu já fiz isso..."

Linguagem compreensível
O presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica diz que as bulas brasileiras são "bastante boas" e não devem seguir as americanas, que são extremamente detalhadas.
"As bulas não devem ter informações que são da alçada do médico. As americanas são verdadeiros minicapítulos de um compêndio de farmacologia, que não acrescentam nada ao paciente", afirma.
Segundo Lopes, cabe ao médico informar os efeitos colaterais no momento da consulta, com uma linguagem compreensível, e deixar claro que o paciente deve voltar ao consultório caso surja alguma reação inesperada. "As dúvidas devem ser esclarecidas sempre com o médico, não com a bula."
O único senão das bulas nacionais, na opinião de Lopes, é o fato de não serem idênticas às dos medicamentos de referência e as dos genéricos. "Não faz sentido serem diferentes." (RW)


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