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MEIO AMBIENTE
Estimativas do Inpe mostram aumento de 27%, após dois anos de queda
Área desflorestada da
Amazônia cresceu em 98
MARCELO PEDROSO
da Folha Vale
Pesquisadores do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais),
em São José dos Campos (97 km de
São Paulo), divulgaram ontem estimativas de crescimento de 27%
nas áreas desflorestadas na Amazônia em 98, após dois anos seguidos de queda desse índice.
A degradação em 97 foi de 13.227
km2, e o instituto acredita que o
desflorestamento tenha chegado a
16.838 km2 em 98. Em 96, a área degradada havia sido de 18.161 km2 e,
em 95, 29.059 km2. As florestas da
Amazônia ocupam 4 milhões de
km 2 (veja quadro nesta página).
O levantamento de 97 foi entregue este ano e o de 98 deverá estar
finalizado até 2000. As projeções
para o ano passado, no entanto, já
podem ser consideradas seguras,
já que a estimativa provisória de 97
foi baseada em uma amostra de
imagens do satélite TM-Landsat e
apresentou uma diferença de 1,5%
em relação aos números finais.
O instituto só considerou como
áreas desflorestadas aquelas onde
houve derrubada de mata para a
agricultura ou em razão de devastação irregular. As queimadas não
foram consideradas nesse levantamento de desflorestamento.
O Inpe faz apenas a avaliação técnica do trabalho. Já o Ibama, que é
responsável por atividades de
combate ao desflorestamento, diz
que o crescimento é preocupante,
mas não chega a alarmar, pois estaria dentro do esperado.
Segundo a coordenadora-geral
de Observação da Terra, Thelma
Krug, as regiões do Pará, Mato
Grosso, Rondônia e Acre foram as
que mais sofreram.
O avanço no desflorestamento
foi criticado pelo presidente do
Instituto Socioambiental, de São
Paulo, João Paulo Capobianco. Para ele , "os dados apresentados não
revelam a amplitude da destruição
da Amazônia".
Queimadas
O diretor do Inpe, Márcio Nogueira Barbosa, afirmou que estão
sendo feitos estudos para viabilizar a expansão do Proarco -projeto que monitora os focos de queimadas nas áreas mais críticas-
para todo o Brasil.
Pesquisadores do instituto também afirmam que a região de Roraima deverá ser menos atingida
este ano por focos de queimadas
devido ao aumento de chuvas na
região entre dezembro e este mês.
"Estamos preparando um relatório sobre o local. A idéia é transformar Roraima em um "laboratório"
para observarmos a recuperação
da área após grandes incêndios."
Segundo Barbosa, as pesquisas
também estão indicando para este
ano a possibilidade de retorno da
produção agrícola em algumas
áreas do Nordeste devido à normalização das chuvas.
Um dos primeiros resultados das
pesquisas do LBA -projeto que
pretende estudar o "funcionamento da Amazônia como entidade regional" e suas interações com o
meio ambiente- foi a observação
de nuvens com até 18 km de altura,
causadoras das chuvas tropicais.
O diretor do CPTEC (Centro de
Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), Carlos Nobre, disse que
fenômenos como esse nunca foram observados cientificamente
antes no planeta. "Conseguimos
em 25 de janeiro imagens da nuvem. No topo dela pudemos observar a existência de cristais de gelo."
O projeto deverá consumir R$ 100
milhões em seis anos.
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