São Paulo, Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 1999
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MEIO AMBIENTE
Estimativas do Inpe mostram aumento de 27%, após dois anos de queda
Área desflorestada da Amazônia cresceu em 98

MARCELO PEDROSO
da Folha Vale

Pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos (97 km de São Paulo), divulgaram ontem estimativas de crescimento de 27% nas áreas desflorestadas na Amazônia em 98, após dois anos seguidos de queda desse índice.
A degradação em 97 foi de 13.227 km2, e o instituto acredita que o desflorestamento tenha chegado a 16.838 km2 em 98. Em 96, a área degradada havia sido de 18.161 km2 e, em 95, 29.059 km2. As florestas da Amazônia ocupam 4 milhões de km 2 (veja quadro nesta página).
O levantamento de 97 foi entregue este ano e o de 98 deverá estar finalizado até 2000. As projeções para o ano passado, no entanto, já podem ser consideradas seguras, já que a estimativa provisória de 97 foi baseada em uma amostra de imagens do satélite TM-Landsat e apresentou uma diferença de 1,5% em relação aos números finais.
O instituto só considerou como áreas desflorestadas aquelas onde houve derrubada de mata para a agricultura ou em razão de devastação irregular. As queimadas não foram consideradas nesse levantamento de desflorestamento.
O Inpe faz apenas a avaliação técnica do trabalho. Já o Ibama, que é responsável por atividades de combate ao desflorestamento, diz que o crescimento é preocupante, mas não chega a alarmar, pois estaria dentro do esperado.
Segundo a coordenadora-geral de Observação da Terra, Thelma Krug, as regiões do Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre foram as que mais sofreram.
O avanço no desflorestamento foi criticado pelo presidente do Instituto Socioambiental, de São Paulo, João Paulo Capobianco. Para ele , "os dados apresentados não revelam a amplitude da destruição da Amazônia".

Queimadas
O diretor do Inpe, Márcio Nogueira Barbosa, afirmou que estão sendo feitos estudos para viabilizar a expansão do Proarco -projeto que monitora os focos de queimadas nas áreas mais críticas- para todo o Brasil.
Pesquisadores do instituto também afirmam que a região de Roraima deverá ser menos atingida este ano por focos de queimadas devido ao aumento de chuvas na região entre dezembro e este mês.
"Estamos preparando um relatório sobre o local. A idéia é transformar Roraima em um "laboratório" para observarmos a recuperação da área após grandes incêndios."
Segundo Barbosa, as pesquisas também estão indicando para este ano a possibilidade de retorno da produção agrícola em algumas áreas do Nordeste devido à normalização das chuvas.
Um dos primeiros resultados das pesquisas do LBA -projeto que pretende estudar o "funcionamento da Amazônia como entidade regional" e suas interações com o meio ambiente- foi a observação de nuvens com até 18 km de altura, causadoras das chuvas tropicais.
O diretor do CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), Carlos Nobre, disse que fenômenos como esse nunca foram observados cientificamente antes no planeta. "Conseguimos em 25 de janeiro imagens da nuvem. No topo dela pudemos observar a existência de cristais de gelo." O projeto deverá consumir R$ 100 milhões em seis anos.


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