São Paulo, Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 1999
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Ministro desconhece causas do desmatamento

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse ontem que desconhece as causas do desmatamento na Amazônia e não sabe dizer se o fenômeno está realmente se agravando na região, conforme aponta estimativa divulgada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
"Não sabemos se o que aumentou foi o desmatamento ou se foi a maneira de apurá-lo que melhorou", disse o ministro. Ele se referiu ao relatório, divulgado ontem pelo Inpe, que estima aumento de 27% em 98 na taxa anual de desmatamento na região.
O próprio ministro confessou suas dúvidas sobre o problema, ao lado dos quatro principais dirigentes do ministério, durante a primeira entrevista convocada desde que assumiu o cargo no início deste ano.
Sarney Filho disse que não sabia responder sobre o assunto e estendeu seu desconhecimento ao presidente do Ibama, Eduardo Martins, que está no cargo desde maio de 1996. "Nem ele sabe", afirmou Sarney Filho. "Os trabalhos do Inpe são cada vez melhores, mas nós estamos mais preocupados em saber as causas desse problema para combatê-lo do que com os números", disse ele.
Ele reconheceu, porém, que existem inúmeros estudos apontando a agricultura e a reforma agrária como as principais causas das queimadas e dos desmatamentos na Amazônia.
Um desses estudos foi apresentado em 1997 pelo ex-deputado Gilney Viana (PT-MT) ao próprio Sarney Filho quando ele presidia a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.
Para identificar as causas do desmatamento, Sarney disse que teria tomado café da manhã ontem com o presidente do Bird (Banco Mundial), James Wolfensohn, que trabalha na sede da instituição em Washington (EUA).
Dele o ministro teria recebido a promessa de empréstimo de US$ 1 milhão para financiar estudos sobre as causas do desmatamento na Amazônia. Na verdade, como depois o próprio ministro corrigiu, a proposta foi apresentada ao diretor do Bird no Brasil, Gobind Nankani, que trabalha em Brasília.
Para combater as queimadas deste ano, o ministro disse que já dispõe de serviço de monitoramento que permite a identificação dos focos de incêndio em apenas oito horas por meio de imagens de satélite.
Sarney Filho disse que há a ameaça de um novo megaincêndio em Roraima, maior do que o do ano passado. Segundo o ministro, sua pasta conseguiu evitar os cortes do ajuste fiscal e manteve o orçamento de R$ 1,6 bilhão para manter em 99 as atividades de fiscalização e prevenção contra incêndios.


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