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Ministro desconhece causas do desmatamento
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O ministro do Meio Ambiente,
Sarney Filho, disse ontem que desconhece as causas do desmatamento na Amazônia e não sabe dizer se o fenômeno está realmente
se agravando na região, conforme
aponta estimativa divulgada pelo
Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
"Não sabemos se o que aumentou foi o desmatamento ou se foi a
maneira de apurá-lo que melhorou", disse o ministro. Ele se referiu ao relatório, divulgado ontem
pelo Inpe, que estima aumento de
27% em 98 na taxa anual de desmatamento na região.
O próprio ministro confessou
suas dúvidas sobre o problema, ao
lado dos quatro principais dirigentes do ministério, durante a primeira entrevista convocada desde
que assumiu o cargo no início deste ano.
Sarney Filho disse que não sabia
responder sobre o assunto e estendeu seu desconhecimento ao presidente do Ibama, Eduardo Martins, que está no cargo desde maio
de 1996. "Nem ele sabe", afirmou
Sarney Filho. "Os trabalhos do Inpe são cada vez melhores, mas nós
estamos mais preocupados em saber as causas desse problema para
combatê-lo do que com os números", disse ele.
Ele reconheceu, porém, que existem inúmeros estudos apontando
a agricultura e a reforma agrária
como as principais causas das
queimadas e dos desmatamentos
na Amazônia.
Um desses estudos foi apresentado em 1997 pelo ex-deputado Gilney Viana (PT-MT) ao próprio
Sarney Filho quando ele presidia a
Comissão de Meio Ambiente da
Câmara dos Deputados.
Para identificar as causas do desmatamento, Sarney disse que teria
tomado café da manhã ontem com
o presidente do Bird (Banco Mundial), James Wolfensohn, que trabalha na sede da instituição em
Washington (EUA).
Dele o ministro teria recebido a
promessa de empréstimo de US$ 1
milhão para financiar estudos sobre as causas do desmatamento na
Amazônia. Na verdade, como depois o próprio ministro corrigiu, a
proposta foi apresentada ao diretor do Bird no Brasil, Gobind Nankani, que trabalha em Brasília.
Para combater as queimadas
deste ano, o ministro disse que já
dispõe de serviço de monitoramento que permite a identificação
dos focos de incêndio em apenas
oito horas por meio de imagens de
satélite.
Sarney Filho disse que há a
ameaça de um novo megaincêndio
em Roraima, maior do que o do
ano passado. Segundo o ministro,
sua pasta conseguiu evitar os cortes do ajuste fiscal e manteve o orçamento de R$ 1,6 bilhão para
manter em 99 as atividades de fiscalização e prevenção contra incêndios.
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