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DEMOGRAFIA
Segundo instituto, idosos são 8,7% da população, e homicídios crescem; mulher vive, em média, 7 anos mais que homem
País envelhece e fica mais violento, diz IBGE
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
O brasileiro está vivendo mais,
sua população envelheceu, o número de filhos por família diminuiu, e as mulheres vivem, em média, sete anos mais que os homens.
Essas são algumas das conclusões da "Síntese de Indicadores Sociais", divulgada ontem pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), revelando a cristalização de tendências iniciadas no final dos anos 80.
A esperança de vida no país cresceu de 66,4 anos, em 1992, para
67,8 anos, em 1997. As mulheres
vivem, em média, 71,7 anos, e os
homens, 64,1. No Sudeste, a diferença é maior: as mulheres vivem
73,7 anos, e os homens, 64,6 anos.
O Brasil tem hoje 13,5 milhões de
idosos (pessoas com mais de 60
anos), que representam 8,7% do
total da população. Já significaram
7,8%, em 1992, e 8%, em 1993.
O processo de envelhecimento
da população é recente, porém intenso. A pirâmide populacional
começa a sofrer um estreitamento
na base (que representa os jovens)
e um alargamento no topo. Em alguns países desenvolvidos, os velhos representam até 15% da população, segundo o IBGE.
As mulheres têm, em média, 2,4
filhos. Em 1970, tinham 5,8, e, em
1980, 4,3. A novidade é que a queda
no número de filhos vem acontecendo em todo o país, embora as
taxas de fecundidade ainda sejam
maiores nas regiões Norte e Nordeste (veja quadro).
Na avaliação dos técnicos, o envelhecimento populacional está
relacionado à melhoria dos serviços de saúde, ao aumento da expectativa de vida e à redução da taxa de fecundidade. "Não somos
mais um país tão jovem. É preciso
melhorar as políticas de saúde para o idoso e oferecer a ele mais opções de lazer", afirma Lilibeth Cardoso, técnica do IBGE.
Uma das constatações dos técnicos do IBGE é que, além dos fatores de insalubridade do trabalho e
de hábitos diferenciados (como fumo e álcool), a violência, especialmente na região Sudeste, é um dos
fatores responsáveis pelas mortes
mais precoces de homens.
A taxa de homicídios no país
(calculada por 100 mil habitantes)
vem numa tendência crescente
desde os anos 80. Subiu de 13,4, em
1980, para 24,8, em 1996. Na faixa
etária de 15 a 29 anos, é de 44,8.
O Sudeste tem a taxa mais alta
entre todas as regiões, 64,5, com
destaque para o Rio de Janeiro: de
cada grupo de 100 mil habitantes
nessa faixa etária (15 a 29 anos),
112,7 morrem assassinados.
Analisada por sexo, a taxa de homicídios permite compreender
por que as mulheres vivem mais.
Entre homens, a taxa de homicídios é de 83,1 por 100 mil habitantes, enquanto, entre mulheres, é de
apenas 7,1 em todo o país.
As mortes violentas (por causas
externas -homicídios, atropelamentos, acidentes de trânsito, suicídios) se concentram especialmente entre os jovens, nas faixas
etárias de 15 a 19 e de 20 a 29 anos.
Na faixa de 15 a 19 anos, 72,2%
das mortes têm causas externas.
No Rio de Janeiro, o percentual é
maior ainda: 79,5%. Na faixa de 20
a 29 anos, a taxa de mortes violentas em todo o país é 64,7%.
"Se eliminássemos as mortes por
causas violentas, a expectativa de
vida entre homens aumentaria 2,5
anos em todo o país e cerca de 3,5
anos no Sudeste. É um absurdo
que nossos jovens estejam sendo
assassinados ou morrendo no
trânsito sem nem sequer terem vivido", diz o demógrafo do IBGE
Celso Simões.
Os dados da "Síntese de Indicadores Sociais" foram colhidos de
publicações do IBGE, como a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios e a Contagem Populacional de 1996. Foram agregados
dados do Ministério da Saúde e do
Tribunal Superior Eleitoral.
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