São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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Dados confirmam Brasil desigual

da Sucursal do Rio

De acordo com os dados do IBGE, o Brasil continua dividido em dois: o do Sul-Sudeste, que tem os melhores indicadores sociais, e o do Nordeste, onde permanecem, invariavelmente, as piores taxas.
A mortalidade infantil, por exemplo, vem em tendência de queda em todo o país desde o início da década. Chegou a 36,7 por mil em 1997 e tem seu melhor índice regional no Sul, 22,5.
No Nordeste, porém, a taxa de mortalidade infantil é de 59 por mil. Em Alagoas, de cada grupo de mil crianças nascidas vivas, 82,9 morrem antes de um ano de idade.
Também no Nordeste são mais comuns as mortes por causas mal definidas ou não esclarecidas, revelando tanto a precariedade dos serviços de saúde como a subnotificação de dados.
A taxa de mortes por causas mal definidas é de 32,4% no Nordeste. Na Paraíba, 50,4% das mortes têm causas não esclarecidas. Na região Sul, a taxa é de apenas 8,9% e, no Sudeste, de 9,2%.
O analfabetismo (outro indicador em tendência de queda, segundo o IBGE) é de 14,7% no país, 8,3% na região Sul e 8,6% no Sudeste. No Nordeste, é de 29,4%.
Em todo o Brasil, 15 milhões de famílias têm pelo menos uma criança de 0 a 6 anos de idade. Dessas, 31,8% têm rendimento familiar inferior a meio salário mínimo. No Nordeste, 54,9% das famílias com filhos nessa idade vivem com menos de meio salário mínimo per capita. No Sudeste, o percentual cai para 18,9%.
"O Brasil é um país injusto. Os dados mostram que, embora os indicadores venham melhorando, as desigualdades permanecem. O Nordeste não é um problema do Nordeste, é um problema do país, e esses indicadores têm de ser usados na elaboração de políticas públicas", disse o presidente do IBGE, Sergio Besserman Viana.
O Norte tem a pior taxa de coleta direta de lixo nos domicílios: apenas 50,9% das residências dispõem do serviço. No Sudeste, 93,9% dos domicílios têm coleta direta de lixo. A média nacional é de 82%.
Ainda que forneça uma visão geral e recente sobre o país, a publicação do IBGE não permite um acompanhamento imediato da evolução histórica dos indicadores sociais.
Dados evolutivos sobre a queda da mortalidade infantil, o aumento da esperança de vida ou a taxa de escolarização, por exemplo, têm que ser buscados em outras publicações. (FE)




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