São Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2009

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Marzagão manda apreender computadores da secretaria

Ele suspeita de fraude no registro sobre ida de policial a prédio

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública da gestão José Serra (PSDB), Ronaldo Marzagão, determinou a apreensão dos computadores que registram a entrada e saída de visitantes da sede do órgão. Os computadores da secretaria foram lacrados e enviados ao IC (Instituto de Criminalística) para análise.
O motivo da investigação é que Marzagão acredita na possibilidade de fraude nos computadores para ocultar ou incluir falsamente a presença do policial civil Augusto Peña, preso acusado de sequestro. "Alguém vai pagar por isso", disse.
Conforme a Folha revelou ontem, seis dias depois de enviar um ofício à Procuradoria Geral de Justiça e afirmar não constar a entrada de Peña na secretaria entre 2006 e 2008, Marzagão enviou novo ofício ao órgão para informar que, na verdade, há registros da presença do policial na secretaria.
Peña está preso desde abril do ano passado e é acusado de sequestro. Ele disse à Promotoria que esteve no prédio entre 2007 e 2008 para entregar dinheiro obtido com a venda de cargos e de privilégios na Polícia Civil ao então secretário-adjunto Lauro Malheiros Neto.
O ex-secretário-adjunto, que deixou o cargo em maio de 2008, nega as acusações.
O que leva Marzagão a suspeitar de possível fraude nos computadores é que numa primeira verificação, feita no último dia 2, não havia dados sobre a presença de Peña no local. Já numa verificação feita após um backup dos arquivos apareceram duas visitas -além de uma foto dele no saguão do prédio (não há informação sobre a data em que a foto foi feita).
Em uma das visitas apontadas nesses registros, de 11 de fevereiro passado, Peña estava preso. Segundo Marzagão, ele não saiu da prisão nessa data.
Interrogado novamente ontem pela Promotoria e Corregedoria da Polícia Civil, Peña disse ter ido à Segurança Pública várias vezes no primeiro semestre de 2007, quando Malheiros Neto estava lá. Ele negou ter ido ao órgão depois de ter sido preso.
Peña está preso na Penitenciária 2 de Tremembé (147 km de SP) e ratificou ontem o teor do depoimento prestado em 4 de fevereiro, quando acusou Malheiros Neto de cobrar propina por privilégios na polícia.
As acusações envolvem desde a venda de cargos de destaque para delegados até a reintegração de policiais civis expulsos acusados de crimes, além da cobrança de propina de donos de bingos e de máquinas de caça-níqueis.
Hoje, os três delegados acusados por Peña de pagar propina para conseguir cargos importantes na Polícia Civil -Luis Carlos do Carmo, Fábio Pinheiro Lopes e Emílio Françolin- serão interrogados pela Corregedoria da Polícia Civil. Os três negam as acusações. (ANDRÉ CARAMANTE, ROGÉRIO PAGNAN e CONRADO CORSALETTE)


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