São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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VIOLÊNCIA

Dionizio Severo fugiu de helicóptero em janeiro; da facção CDL, ele foi morto em unidade dominada pelo rival PCC

Preso é morto quando falava com advogada

DA REPORTAGEM LOCAL

O sequestrador e assaltante Dionizio de Aquino Severo, 37, resgatado de helicóptero de um presídio em Guarulhos em janeiro deste ano, foi morto ontem por outros presos no CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém (na zona leste de São Paulo), dominado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).
Participante da mais espetacular fuga do sistema prisional paulista, Severo, integrante do CDL (Comando Democrático para Liberdade, facção criminosa rival do PCC), foi assassinado de uma forma nada comum.
Ele estava com sua advogada, Maura Marques -que também defendeu Fernando Dutra Pinto, sequestrador da filha do apresentador de TV Silvio Santos-, quando um grupo de detentos invadiu o parlatório (sala destinada ao contato entre os presos e os seus advogados), às 17h50.
O sequestrador foi morto com golpes de estilete e o corpo foi arrastado pelas galerias, segundo dados da Secretaria da Administração Penitenciária.
A confusão durou 40 minutos. O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foi acionado para recolher uma bomba de efeito moral, que não estourou, jogada por um PM durante o tumulto.
Três pessoas foram feitas reféns, mas não houve feridos. Outro preso e sua advogada estavam no parlatório no momento da invasão, mas não foram agredidos.
Severo foi resgatado de helicóptero da Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, no dia 17 de janeiro. Na aeronave, estava o seu filho R.T.S, 17.
O sequestrador foi recapturado, na semana passada, em Marechal Deodoro (28 km de Maceió). Na última segunda-feira, Severo foi apresentado pela polícia de São Paulo e levado provisoriamente para o CDP do Belém.
Ele seria transferido para a penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes (605 km de São Paulo) no início da próxima semana, segundo a secretaria.
Severo estava na área de regime disciplinar -cela individual usadas como castigo.
Uma sindicância será aberta para apurar as circunstâncias da invasão e a possível facilitação de funcionários. Os autores do homicídio não tinham sido identificados até o começo da noite de ontem, segundo a secretaria.
A advogada Maura Marques confirmou que estava no parlatório no momento da invasão. Ela disse que estava muito abalada e que só falaria hoje sobre os detalhes do incidente.
Maura afirmou que seu cliente não comentou ter sofrido alguma ameaça de morte.
(GILMAR PENTEADO)


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