São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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ESCOLHA PROFISSIONAL

Descoberta de interesses e expectativas facilita decisão

ATIVIDADES REALIZADAS EM GRUPO INCLUEM VIVENCIAR A PROFISSÃO

FÁBIO PORTO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em ano de vestibular, além de estudar muito e revisar toda a matéria do ensino médio, o estudante tem ainda de decidir qual profissão irá seguir. Não é uma decisão fácil, especialmente quando se tem apenas 17 ou 18 anos.
As dúvidas podem persistir até as vésperas da inscrição -às vezes, até na hora de se inscrever. Foi o que ocorreu com o estudante Stéfano Berton, 20. Depois de entregar sua ficha no posto de inscrição da Fuvest e de ter optado por economia, ele mudou de idéia. Pediu a ficha de volta e escolheu agronomia. No mesmo ano, fez vestibular para engenharia e medicina. Atualmente, Berton cursa o terceiro ano de engenharia de alimentos no Instituto Mauá de Tecnologia.
É nessa hora de indecisão que o jovem deve procurar orientação vocacional. Há várias opções gratuitas em São Paulo que vão além dos tradicionais testes e oferecem ajuda não só para vestibulandos, mas para quem já está na universidade ou começou a trabalhar.
"Muitos estudantes não procuram orientação por achar que o trabalho se resume a aplicação dos testes vocacionais", diz a professora de psicologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Regina Gattar.
Os atendimentos podem ser individuais ou em grupo e são acompanhados por psicólogos. As sessões em grupo, com freqüência, incluem também dramatizações. O professor da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Valério Arantes propõe atividades em que se vivencie a profissão. "Um aluno do quarto ano de medicina descobriu estar insatisfeito com a área depois de fazer um parto num exercício desse tipo", afirma Arantes.
As discussões feitas em grupo são outro ponto importante no trabalho de orientação. "Começamos com temas amplos, como a concepção de casamento. Isso mostra as idealizações que alguns jovens fazem e que são transpostas para as expectativas da carreira", diz Stella Sampaio Leite, psicóloga da Colméia, ONG especializada em orientação profissional.
O professor e supervisor de orientação profissional do campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Assis (SP), Francisco Hashimoto, diz que o trabalho do orientador deve estar voltado à preparação da pessoa para tomar decisões ao longo da vida.
Na opinião de Maria Célia Lassance, professora da UFRGS e presidente da Abop (Associação Brasileira de Orientadores Profissionais), parte da angústia do jovem no processo de escolha da carreira baseia-se na sensação de que ele terá de ficar sempre fazendo a mesma coisa. "O estudante acha que fará uma escolha para a vida toda. Isso aumenta muito o peso da decisão, além de não ser verdade. Ao longo da trajetória profissional, a pessoa muda e pode seguir vários caminhos. Em 20 anos, muitas vezes toma-se um rumo que nunca se imaginou."
Outro passo importante na escolha do curso é buscar informações sobre as carreiras, sobre as habilidades necessárias e ficar atento ao mercado de trabalho. "As profissões têm se transformado rapidamente e novas possibilidades de atuação surgem a todo momento", diz Regina, da PUC. Uma possibilidade é conhecer as universidades por meio dos seus programas de visitação e de exposição dos cursos por professores e alunos (veja quadro ao lado).



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