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CASO RICHTHOFEN
Segundo Denivaldo Barni, houve "mal-entendido" no trecho em que ele orienta Suzane a chorar em reportagem
"Pedi para ela chorar para o irmão", diz tutor
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
"Um verdadeiro mal-entendido." Assim o advogado Denivaldo Barni, tutor legal de Suzane
von Richthofen, explicou sua participação na reportagem do "Fantástico" exibida neste domingo.
No programa, Barni aparece
orientando Suzane a chorar, no
que seria uma manobra para encerrar a entrevista que ela concedia ao programa.
Segundo Barni, ele não se referia a chorar para encerrar a entrevista, mas, sim, a chorar para conseguir ajuda alimentícia e de moradia do irmão dela, Andreas von
Richthofen.
"Como o senhor explica a gravação do "Fantástico", doutor Barni?"
"Se alguém puder me lembrar...", pede ele aos jornalistas
que o entrevistavam na porta do
89º DP, onde ele foi acompanhar
Suzane, que se entregou à Justiça
às 19h40, depois da decretação de
sua prisão preventiva.
Os jornalistas relembram: "O
senhor pediu para ela chorar..."
"Pro irmão. Pedi para ela chorar
para o irmão. Pra pedir moradia
pro irmão. Eu disse: "Suzane, está
na hora de você chorar para o seu
irmão, ficar de joelhos, pedir moradia". Ela quer residir no imóvel
onde residia sua avó paterna. O irmão vem negando. O irmão é
maior de idade, é o atual inventariante. Entendemos que ele não
vem administrando bem os imóveis. Na mesma conversa que se
prolongou [eu disse]: "Suzane, está na hora de você pleitear, ajoelhar-se diante do seu irmão". Ela
tem direito a essa moradia. É uma
menina sozinha hoje, jogada pela
vida, sem alimentos, sem moradia, sem nada, sem nada."
Questionado se sua fala tinha sido manipulada pela edição do
programa "Fantástico", o advogado não quis responder. Preferiu
continuar falando sobre as dificuldades de sua cliente.
"Desde que entrou no sistema
[carcerário], Suzane não recebeu
nenhuma ajuda do irmão ou da
avó materna. Ela não tem direito a
moradia, o irmão vem negando
sistematicamente qualquer ajuda
nesse sentido, a despeito dos vários pedidos que tramitam. O irmão nega alimentos para ela e paga caseiros para tomar conta do
sítio, dos imóveis, para sustentar
cachorros. Tem imóveis que estão
abandonados, então Suzane tem
direito a ter, no mínimo, a moradia", disse Barni.
Sobre o suporto "mal-entendido" na reportagem, a Central Globo de Comunicação disse que "o
público viu exatamente o que foi
feito". A Folha não conseguiu localizar ontem o irmão de Suzane,
Andreas von Richthofen.
Gastrite nervosa
Segundo o advogado, Suzane
não assistiu ao programa, mas ficou sabendo do conteúdo dele
ainda no domingo. Juntando isso
ao que chamou de "maratona" de
entrevistas (Suzane falou à revista
"Veja", além de ao "Fantástico"),
o resultado, disse Barni, foi uma
crise de gastrite nervosa que levou
a garota ao hospital, às 10h de ontem. "Levamos a Suzane, ela recebeu medicamento, soro, dormiu a
tarde toda e saiu por volta das 16h.
Ainda agora ela está um pouquinho grogue."
Denivaldo Barni descreveu a
reação de Suzane von Richthofen
ao receber a notícia de que voltaria para a prisão: "Ela ficou desesperada, abalada, chorando muito
com minha esposa".
O advogado não quis comentar
um eventual erro na estratégia da
defesa, ao conceder as entrevistas
aos dois veículos: "Por quê? Eu
não sei. Perguntem aos advogados que cuidam da parte criminal", esquivou-se.
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