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Crime reflete banalização da violência
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
O assassinato da professora
Beatriz Junqueira, cometido por
adolescentes, é reflexo não apenas da epidemia da violência,
mas da crescente contaminação
dos jovens.
A violência é um fenômeno
cada vez mais banalizado, tornando os indivíduos insensíveis
-o que apenas estimula sua
evolução.
Policiais, psicólogos e educadores vêm alertando sobre os
crescentes níveis de violência
entre jovens dentro e fora das
escola, muitas vezes movidos
pelas drogas.
Com medo de retaliação, professores preferem manter silêncio diante das quadrilhas.
Briga por território, vinganças
pela falta de pagamento das
drogas, estado emocional alterado pelo vício, facilidade de
acesso a armas de fogo ajudam a
explicar como a delinquência
juvenil vai tornando-se cada vez
mais violenta.
As causas, porém, vão mais
longe. Psicólogos alertam para
os efeitos da desestruturação familiar numa combinação com a
miséria, marcada pelo subemprego e desemprego.
A escola não consegue reter os
alunos, submetidos a um processo de bombardeio da auto-estima por meio da repetência crônica e, no final, a evasão.
O poder público dispõe de escassos mecanismos de reciclagem dos jovens. Se detidos, não
são levados a treinamento especial que facilite a volta à escola
ou escolha de profissão.
Também não são oferecidas
opções de lazer. Não por coincidência que boa parte dos assassinatos ocorre nos finais de semana, quando os jovens se drogas ou bebem em excesso, sem
alternativas culturais e nem sequer de esportes.
É um ciclo vicioso da marginalidade, na qual a violência indiscriminada se torna um ingrediente de resolução de conflitos.
Os bairros pobres não têm policiamento e, muito menos, acesso ao sistema judiciário.
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